Literatura

Livro-reportagem investiga morte de vereador em Chapecó

'Quem Matou Marcelino', de Daniel Giovanaz, reúne 59 entrevistas inéditas que tentam elucidar as misteriosas circunstâncias da morte de Marcelino Chiarello para que o caso seja reaberto

Daniel Giovanaz: ‘As forças que o Marcelino denunciava continuam no poder no estado de Santa Catarina’

No dia 28 de novembro de 2011, Marcelino Chiarello, vereador pelo PT de Chapecó, foi encontrado morto no quarto de sua casa pendurado pelo pescoço. Logo de início, os primeiros policiais que encontraram o corpo sujo de sangue perceberam que a cena teria sido modificada para que a morte parecesse um suicídio e que o fato não fosse devidamente investigado. O exame do médico legista, divulgado em janeiro de 2012, identificou sinais de agressão e confirmou a tese de assassinato. Porém, uma reviravolta no caso fez com que a morte passasse a ser oficialmente tratada como suicídio e, quatro anos mais tarde, em 2015, o processo seria arquivado.

Para tentar entender as misteriosas circunstâncias da morte do vereador do sexto maior município de Santa Catarina, o jornalista Daniel Giovanaz lançou o livro Quem Matou Marcelino com apoio da Associação Coletivo Maruim de jornalistas. Em entrevista à Ráfio Brasil Atual, Daniel afirma que se propôs a ouvir aqueles que acompanharam de perto a angústia do vereador em seus últimos dias, ou que participaram das investigações sobre a dinâmica de sua morte para apresentar novos elementos e pressionar para que o caso fosse reaberto. “A tentativa do livro é trazer novos elementos para reabrir esse caso. O que eu consegui apurar através de 59 entrevistas e leitura de documentos foi que outras pessoas provavelmente foram mortas em razão da morte do Marcelino, queima de arquivo”, denuncia.

As entrevistas feitas entre janeiro e julho de 2016 acabam formando um grande quebra-cabeça “cujas peças contêm mais de uma explicação plausível para a morte: Marcelino sabia que seria assassinado – mais do que isso, sabia que não poderia evitá-lo”, destaca Daniel no prólogo do livro. O que o autor fez foi recuperar eventos atípicos ocorridos às vésperas da morte, levantar novas hipóteses sobre as motivações do suicídio ou do homicídio e relatar as discordâncias entre os peritos que participaram do caso.

Mesmo cinco anos após o crime, o fato continua atual: “Uma semana antes, Marcelino fez uma denúncia muito importante que causou impacto no estado inteiro. Era relacionada a subvenções sociais, ao uso do dinheiro do Fundo Social do governo de Santa Catarina. Ele buscava relacionar uma denúncia local de corrupção de Chapecó com um esquema estadual em que essa verba era liberada pelo presidente da Assembleia Legislativa do estado, que é o presidente até hoje. Então é um caso muito atual porque, cinco anos depois, as forças que o Marcelino denunciava continuam no poder no estado”, afirma Daniel na entrevista concedida à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

“É um caso que se tornou absurdo para todos que conheciam o Marcelino. No dia em que ele foi morto, ele faria uma reunião em sua casa para convocar assessores e avisar que ele iria renunciar ao cargo porque estava se sentindo ameaçado e pressionado. Então, alguém que busca proteger a sua segurança, jamais atentaria contra a própria vida. Não tem muita lógica nessa versão oficial”, pondera.

Confira a entrevista completa de Daniel Giovanaz à rádio: