#resistesp

Apesar de proibição, festival contra conservadorismo deve ocorrer em SP

Organizadores terão audiência hoje. Na programação estão nomes como o dos cantores Otto, Tiê, Edgard Scandurra e Lucas Santtana

“Queremos a permanência de uma visão de cidade mais humana e justa”, diz nota

São Paulo – Apesar de ter sido proibido pela Justiça paulista ontem (29), o festival de música #ResisteSP, que tem como mote ir contra o avanço conservador em São Paulo, deve ocorrer amanhã, a partir das 14h, na Praça Roosevelt, na região central da cidade. Os organizadores, que já recorreram à decisão judicial, terão uma audiência hoje, às 16h. Dependendo do resultado, eles estudarão formas de alterar alguns elementos da estrutura do evento como, por exemplo, não montarem palcos.

Até as 15h15 desta sexta, 7.200 pessoas havia confirmado presença no evento pelo Facebook. “Que resista o transporte público e as bicicletas. Não vamos aceitar de volta a imposição da lógica dos carros. Que resista os ônibus 24h, porque a noite também é para ser vivida”, diz o texto de apresentação na rede social. “Queremos mais Passe Livre. Queremos a permanência de uma visão de cidade mais humana, justa, igual, solidária e acolhedora, sem preconceitos. Que resista a ocupação do espaço público com toda sua alegria e diversidade. Que resista o incentivo à arte e não sua criminalização.”

O juiz auxiliar da 1ª Zona Eleitoral, Sergio da Costa Leite, proibiu o festival sob a alegação de que se trata de um “evento de cunho eleitoral”. Ele entendeu que “está claro o cunho eleitoral da reunião e a legislação proíbe que reuniões públicas, com caráter eleitoral, sejam realizadas na antevéspera e véspera (sexta-feira e sábado) das eleições”.

Após serem notificados pela Justiça, os organizadores do evento divulgaram nota na qual afirmam que “não tem partido”. “Tentam nos retirar a cidade a todo custo. Seja pela manipulação midiática nas eleições, seja pela truculência institucional, que nos ameaça de impedir o livre direito à manifestação artística”, diz o texto. “Formamos um grito de resistência ao avanço do que de pior se produziu na política brasileira.”

Segundo a descrição do festival, ele é organizado por jovens, mulheres, negros, trans, gays, lésbicas, artistas, ativistas, produtores culturais, comunicadores e militantes de direitos sociais. Na programação estão nomes como o dos cantores Otto, Tiê, Edgard Scandurra, Lucas Santtana e a discotecagem de Santo Forte, DJ Samuca e DJ Lenny.

Paralelamente ao festival ocorrerá, das 13h às 20h, o passeio ciclístico Pedalada #ExisteBikeEmSP, que também tem como mote a valorização de uma cidade mais humana e menos desigual. Já eram 1.800 confirmações às 15h15 desta sexta. A saída será da Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os participantes passarão pela Praça Roosevelt por volta das 14h, para se juntar ao festival. “São Paulo começou uma transformação na mobilidade que não tem volta, mas precisamos unir forças para não perder o que conquistamos até agora”, diz o texto.

Confira a programação completa do festival: