Memória

Peça reconstrói caminhos de jovens que aderiram à Guerrilha do Araguaia

'Guerrilheiro Não Tem Nome', do Grupo Teatral Mata!, é baseada nos arquivos pessoais de Sebastião Curió, um dos protagonistas da repressão e massacre contra o movimento guerrilheiro na região

Mauricio Adinolfi/Divulgação

‘A história do Araguaia está viva: os corpos continuam desaparecidos e os criminosos não estão na cadeia’

A peça Guerrilheiro Não Tem Nome, do Grupo Teatral Mata!, em cartaz até dia 1° de maio aos sábados e domingos, no Espaço Pyndorama, resgata a memória de um dos períodos mais sombrios da história do Brasil: a ditadura civil-militar, mais especificamente sobre o extermínio do grupo de militantes que atuava às margens do Rio Araguaia. O espetáculo é inspirado no livro Mata! – OMajor Curió e as Guerrilhas do Araguaia, do jornalista Leonêncio Nossa, que teve acesso exclusivo ao arquivo pessoal do major Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, um dos protagonistas da repressão durante o regime militar.

Dirigida por Anderson Zanetti, a peça reconstrói os caminhos de alguns jovens que aderiram à Guerrilha do Araguaia e nela descobriram o elo entre suas vidas e as contradições mais profundas da formação social do Brasil. Ela trata sobre o sonho por uma sociedade igualitária, o contato que os guerrilheiros tiveram com a cultura local e a solidariedade revolucionária que alimentaram a coragem daqueles que não retrocederam diante da violência do regime instaurado em 1964.

“O que nós trazemos na peça são pessoas públicas em situações históricas públicas, dados e fatos conhecidos publicamente. E nós problematizamos essas questões. Ou seja, por mais que a gente trabalhe poeticamente o conteúdo da nossa peça, não tem nenhum tipo de informação ali que você não possa encontrar em materiais publicados”, afirma o diretor do espetáculo em um vídeo sobre a obra.

As apresentações no Espaço Pyndorama são gratuitas e convidam o público a refletir sobre a importância de lembrar sobre as muitas vidas perdidas na luta pela democracia: “Dar continuidade às apresentações deste espetáculo é contribuir para a consolidação da memória histórica de uma democracia a ser continuamente aprimorada, tomando como lição o passado que ainda vive no presente”, declara Zanetti. “A história do Araguaia está viva na medida em que os corpos continuam desaparecidos, as pessoas responsáveis por lesar os direitos humanos não estão na cadeia, as famílias dessas vítimas esperam por uma resposta. E, mais do que isso: as práticas políticas e intervenções de Estado praticadas no período da Guerrilha do Araguaia são praticadas hoje”, enfatiza o diretor.

Guerrilheiro Não Tem Nome fica em cartaz até 1° de maio no Espaço Pyndorama, sede da Companhia Antropofágica, com apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h, com entrada gratuita. O projeto contemplado na 3ª edição do Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, também terá apresentações no Teatro Leopoldo Fróes, Teatro Zanoni Ferrite e no Centro Cultural São Paulo.

Guerrilheiro Não Tem Nome
Grupo Teatral Mata!
Quando: até 1° de maio, aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Onde: Espaço Pyndorama, sede da Companhia Antropofágica
Rua Turiaçu, 481, Perdizes, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos

Próximas apresentações:
– Dias 6, 7 e 8 de maio, no Teatro Leopoldo Fróes
Às 20h na sexta e no sábado, às 19h no domingo
Rua Antônio Bandeira, 114 – Vila Cruzeiro, São Paulo (SP)

– Dias 13, 14 e 15 de maio, no Teatro Zanoni Ferrite
Às 20h na sexta e no sábado, às 19h no domingo
Avenida Renata, 163 – Vila Formosa, São Paulo (SP)

– Dias 28 e 29 de maio, na Sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo
Às 19h no sábado, às 18h no domingo
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo (SP)

Ficha Técnica:
Direção e concepção dramatúrgica: Anderson Zanetti
Criação dramatúrgica: coletiva
Atores: Gabriela Felipe, Leonardo Oliveira e Vanessa Biffon
Cenografia, figurino e arte gráfica: Luiz Felipe Macalé
Iluminação: Leonardo Oliveira
Assessoria de imprensa: Luciana Gandelini
Técnico de iluminação: João Alves
Direção musical e preparação vocal: Bruno Cordeiro
Coordenação de produção: Vanessa Biffon
Produção: coletiva

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