Teatro

Em ‘Severina – da Morte à Vida’, Clariô encena saga sobre busca pela identidade

Grupo se inspira em 'Morte e Vida Severina', de João Cabral de Melo Neto, e faz peça que discute como a memória, a história e as raízes dos povos seguem oprimidas, especialmente nas periferias

Divulgação

Grupo Clariô, fundado em 2002, leva aos palcos histórias que envolvem a população pobre, negra e marginalizada

Discutir, entender e desfazer os nós da identidade humana. Este é o propósito de Severina – da Morte à Vida, do Grupo Clariô, que fica em cartaz até dia 8 de novembro, de quinta a domingo, no espaço da companhia, em Taboão da Serra. Com texto baseado no clássico Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, a peça integra um ciclo de encenações cuja temática trata sobre a questão nordestina, a afrodescendência e a realidade nas periferias. A trilogia teve início em 2008, com Hospital da Gente, com texto do escritor Marcelino Freire, e em 2011, o grupo estreou Urubu Come Carniça e Voa, com poemas de Miró da Muribeca.

Severina – da Morte à Vida, dirigido por Naruma Costa, se passa no sertão nordestino, onde um povo severino parte em busca de sua identidade. Segundo o grupo, a peça é “uma saga sobre identidade humana, que celebra vida e morte e leva pra cena as inquietações do coletivo sobre as amarrações de um sistema que oprime e mata a história, memória e raízes de um povo. Matando, portanto, o povo, ainda que permaneça vivo”.

Na montagem, os severinos tentam sobreviver à fome e à miséria, sempre cercados pela morte. “Um povo Severino, iguais em tudo na vida. Sem memória, vagam incessantemente pelos caminhos. Procuram identidade, encontram ficção; procuram paz e, claro, encontram morte! E defendem, mais que vivem, suas vidas severinas”, descreve a companhia.

Segundo o dramaturgo Will Damas, o livro de João Cabral é o ponto de partida da peça. “O texto não é uma adaptação do poema do João Cabral de Melo Neto, mas é baseado no poema. Em vez de falar sobre a vida severina, a gente decidiu falar sobre a personagem Severina”, relata o autor em um vídeo produzido pelo grupo.

A companhia, que existe desde 2002, tem como proposta “ser um coletivo de arte resistente que busca, através da cena e da troca com outros coletivos, discutir a arte produzida pela periferia, na periferia e para a periferia”. Suas montagens trazem questionamentos que traduzem suas inquietações políticas e levam aos palcos histórias que envolvem a população pobre, negra e marginalizada. A peça Severina – da Morte à Vida é uma homenagem ao diretor do grupo Mario Pazini, que morreu em março do ano passado.

Severina – da Morte à Vida
Quando: até 8 de novembro, de quinta a domingo, às 20h30
Onde:
Espaço Clariô
Rua Santa Luzia, 96, Vila Santa Luzia, em Taboão da Serra (SP)
Quanto:
grátis
Mais informações: (11) 4701-8401