Rio de Janeiro

Teatro Glauce Rocha recebe ciclo de peças engajadas até setembro

'Ocupação Grandes Minorias' reúne obras que propõem reflexão sobre diversas questões sociais. Ciclo também promove oficina de dramaturgia

Divulgação

Silmara Silva, em ‘Exercício Sobre Medeia’, em cartaz até este domingo (12)

Condição da mulher, realidade nas prisões, preconceitos raciais e sociais, segurança pública, diversidade, o futuro sonhado pelos jovens… O evento Grandes Minorias ocupa o Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio de Janeiro, com peças que abordam temas ligados à questões sociais brasileiras. Até setembro, serão encenados sete espetáculos voltados para o público adulto e infantil.

Idealizada pela dramaturga e diretora Marcia Zanelatto, a Ocupação Grandes Minorias pretende apresentar ao público um “novo teatro emocionalmente engajado”. “Tem um movimento novo, um posicionamento do teatro e uma contribuição mais clara neste sentido de refletir sobre o Brasil. Quando eu pensei no projeto Grandes Minorias, no ano passado, imaginei como eu poderia contribuir com esta cidade, com este país, com este pensamento… Fiz um cruzamento entre as peças que eu tinha e que não tinham espaço, e entre o que outras pessoas tinham para contribuir com este pensamento sobre grandes minorias”, afirma Zanelatto.

“Este é um conceito sobre o qual Deleuze trata. Ele diz que não é uma minoria de quantidade, mas sim de representatividade. A gente está tentando dar voz a grupos que às vezes são muito numerosos, como as mulheres, por exemplo que compõem mais da metade da população brasileira, mesmo assim temos uma misoginia ferrada no Brasil”, explica.

Até amanhã (12), a companhia Piauhy Estúdio das Artes apresenta Exercício sobre a Medeia, que trata sobre a temática da mulher. Eles recontam a história da mulher-mãe-feiticeira que, num ato premeditado de vingança contra a infidelidade do marido, assassina sua rival e os próprios filhos.

Entre os próximos dias 16 e 26, estará em cartaz Deixa Clarear – Uma Homenagem à Clara Nunes, que tratava constantemente sobre os trabalhadores e s orixás em suas canções. De 30 deste mês a 16 de agosto é a vez da Vil Cia estrear Hipnose, Uma Tragicomédia Carioca, um encontro exasperante entre as classes média e baixa por meio do golpe do falso sequestro, que tem como pano de fundo a realidade prisional do país.

Em agosto, estreia outro texto da autoria de Marcia Zanelatto, Eles não usam tênis Naique, novo espetáculo da Cia. Marginal, dirigida por Isabel Penoni e sediada no Complexo da Maré. A peça conta a história de uma família que mora em uma comunidade devastada pelo tráfico de drogas.

O público infantil também poderá assistir a espetáculos engajados. O musical Fuzuêzinho, da Cia. de Aruanda, formada por brincantes da Serrinha, em Madureira, explora a cultura popular de matriz africana. E Sherazade, que será encenada em setembro, promove o encontro entre as culturas árabe e judaica.

“As crianças estão aprendendo a ver o mundo. Se a gente disser para elas que judeu odeia árabe e árabe odeia judeu, elas vão aprender e sempre vão achar que a Faixa de Gaza é uma coisa normal. A criança que vê um jongo dançado, vê um brincante cantando uma música de matriz africana, não vai aceitar jogar uma pedra na cabeça da menina que é do candomblé”, opina Marcia Zanelatto.

O último espetáculo da Ocupação Grandes Minorias, Suave – Notícias Futuras, traz uma criação coletiva sobre a utopia e o mundo que os jovens pediram nas ruas, em junho de 2013. “Subindo na faixa etária, colocamos uma peça inédita com um grupo de jovens atores que vão trabalhar com o tema ‘Qual é o mundo que vocês querem? O que vocês têm como utopia?’ Eles vão apresentar uma resposta cênica sobre a sociedade que eles têm em mente. É uma peça sobre jovens, feita por jovens para os jovens”, detalha a idealizadora do projeto.

A ocupação também promove uma oficina permanente de dramaturgia dentro do programa Novos Autores Cariocas. Segundo Marcia, não é necessário ser profissional da área para participar, basta querer escrever para teatro e escolher um dos oito temas propostos (redução da maioridade penal, configuração da família, envelhecimento da população, delação premiada, corrupção, transgêneros, estado laico ou sistema de cotas). Os interessados em participar devem enviar até dia 15 uma micropeça de até três páginas no formato de diálogo ou monólogo. Mais informações sobre a oficina podem ser obtidas pelo email [email protected]

Ocupação Grandes Minorias
Quando: até 27 de setembro
Onde: Teatro Glaucer Rocha
Avenida Rio Branco, 176, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quanto: peças infantis são gratuitas. Os ingressos para as demais custam R$ 20 e R$ 10 (meia)
Programação completa e classificação: na página da ocupação

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