Folia

Carnaval de rua cresce também na periferia paulistana

Na zona leste, pelo menos 45 blocos se registraram na prefeitura para receber estrutura de apoio

Divulgação Centro Cultural Arte em Construção

Na Cidade Tiradentes, na zona leste, bloco da Nega Zilda ganha mais adeptos a cada ano

São Paulo – Pouco a pouco, o carnaval de rua em São Paulo, cidade menos afeita a essa modalidade da festa do que Rio de Janeiro, Salvador e Olinda, vai ganhando forma e público. Blocos conhecidos de outras capitais, como o do Sargento Pimenta, do Rio, desfilam pelas ruas da Vila Madalena, na zona oeste, sempre uma semana antes do carnaval, antecipando a festa para milhares de foliões. Assim como a parada do Acadêmicos do Baixo Augusta, que no último domingo (8) atraiu seguidores no centro.

E se o carnaval de rua é uma festa democrática, a descentralização da festa amplia a ideia de ocupar a cidade com um carnaval no qual todos podem brincar, dançar, pular. Este ano, pelo menos 45 blocos saem pelos bairros da zona leste. No extremo sul, oito blocos desfilam, e na zona norte 32 estão na agenda.

Boa parte desses blocos pertence a centro culturais e pontos de cultura, como o bloco da Nega Zilda, em Cidade Tiradentes, zona leste, inspirado numa antiga moradora da comunidade. Esta é a sétima edição do Nega Zilda, que cresce ano a ano, segundo Luara Iracema, uma das entusiastas. “Nossa ideia é levar as atividades do centro cultural (Arte em Construção) para a rua. Passamos em frente às escolas onde atuamos, e levamos as famílias da comunidade a aproveitarem o carnaval. Preservamos as músicas tradicionais, como as marchinhas, com batuques que remetem ao maracatu, pois temos oficinas de maracatu. É sempre lindo e alegre, e estamos entre amigos, carnaval de verdade.”

Entre 2010 e 2012, o Nega Zilda levou cerca de 200 foliões às ruas do bairro, segundo a organização. Em 2013, esse número dobrou, e este ano pelo menos 500 pessoas são esperadas.

Este ano é o primeiro em que o bloco de Cidade Tiradentes contará com banheiros químicos cedidos pela prefeitura. As ruas adjacentes ao centro cultural, de onde o bloco parte e encerra o desfile, com uma roda de samba, serão interditadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Com a estrutura de apoio oferecida pela prefeitura e o decreto municipal estabelecendo regras para o carnaval de rua, a participação tem crescido ano a ano na cidade. Em 2014, foram 200 blocos; em 2013, primeiro com apoio do município, a iniciativa partiu de 60 blocos. Neste ano, 300 foram oficialmente cadastrados.

As subprefeituras com maior concentração de blocos são Sé (86), Pinheiros (67), Lapa (22), Mooca (16), Butantã (13) e Freguesia do Ó/ Casa Verde (13).

Para os que não curtem a festa, ficar em São Paulo já foi uma opção melhor. A Secretaria Municipal de Cultura estima que 2 milhões de pessoas irão participar do carnaval de rua este ano, incluindo os blocos que saem nas semanas que antecedem o feriado.

Agenda de blocos

Quinta (12)

20h30 – Bloco do Jatobá – Foi criado em 2011 por músicos e apaixonados por marchinhas em homenagem a um morador local. Concentração na Avenida João Batisca Conti – Itaquera, zona leste

Sexta (13)

19h30 – Bloco afro Ilú Oba De Min – Tem como base o trabalho com as culturas de matriz africana e afro-brasileira e a mulher. A ideia do bloco é preservar e divulgar a cultura negra no Brasil, mantendo diálogo com o continente africano através dos instrumentos, dos cânticos, dos toques, da corporeidade. Concentração embaixo do Viaduto do Chá, centro

Sábado (14)

Das 10h às 12h – Foliópolis – Folia em Heliópolis – Surgiu há cinco anos em Heliópolis a partir dos esforços da comunidade local e da entidade Unas para ocupar o espaço público com crianças, adolescentes e adultos, e valorizar a cultura brasileira com ritmos como o maracatu. Concentração na Rua Flor do Pinhal – Heliópolis, zona sudoeste

Das 14h às 19h – Bloco Água na Boca – O bloco surgiu devido à falta de água, escassez de chuva e, principalmente, pelo fato de a cidade ter fama de terra da garoa mas sofrer com a seca. Concentração na Rua Dias Penteado – Aricanduva, zona leste

Às 15h – Bloco carnavalesco Doce Veneno – O bloco nasceu em 1984 em um trabalho com a comunidade da Vila Dalva, no Rio Pequeno. Concentração na Rua Pujais Sabate – Rio Pequeno, zona oeste

15h – Grajaú Vem Tomar no C…opo – Primeira edição do bloco carnavalesco formado por artistas da região do Grajaú. Início no Espaço Cultural Humbalada – em frente à estação Primavera-Interlagos da Linha 9 Esmeralda da CPTM, zona sul

Domingo (15)

Às 11h – Bloco Trem das Onze – Surgiu em janeiro de 2014 a partir da junção de dançarinos e músicos do Jaçanã com a intenção de resgatar a tradição do bairro nas comemorações do carnaval de rua. Concentração na Rua Benjamim Pereira, 120 – Jaçanã, zona norte

Às 16h – Bloco Amanhã tem Mais! – Criado por amigos do bairro da Freguesia do Ó que decidiram juntar suas experiências e formar o bloco para difundir a cultura local. Concentração na Rua Simão Velho – Freguesia do Ó, zona norte

Das 16h às 20h – Sem Jabá Não Dá – Fundado em 2012 por dois amigos que, ao pedir uma feijoada, se indignaram porque não tinha nem um pedaço de jabá. Início na Praça José Cardoso de Moura, Vila Jacuí – zona leste

Às 16h – Arrastão da Vila Guarani – Fundado em 12 de outubro de 1983, o Arrastão faz a alegria das crianças desfilando pelas ruas do bairro com carro de som, samba-enredo próprio, temas simples e fantasias gratuitas. Concetração na Rua Domingos de Santa Maria, 150 – Vila Guarani, zona sul

Das 17h às 18h – Bloco É Barril – Criado por um grupo de amigos do “fundão” da sul de São Paulo interessados em colocar o bloco na rua que tivesse sua cara. Saida no Campo do Jacira – Jardim Jacira, zona sul

Às 20h – Orun Ilé – O projeto propõe envolver jovens em situação de vulnerabilidade social e familiares em atividades com oficinas de músicas, danças afro-brasileiras, instrumentos musicais de percussão e eletrônicos. Concetração na Rua Igarapé da Água Azul – Cidade Tiradentes, zona leste

Segunda (16)

Às 15h – D’Última Hora de Cultura – Há mais de 20 anos, a comunidade do Morro do Querosene sai às ruas com instrumentos muito comuns em ritmos como Maracatu, por exemplo. A partir da Rua Capitão Paulo Carrilho – Morro do Querosene, zona oeste

Terça (22)

Das 12h às 14h – Ivossacudo – Surgiu como uma brincadeira de amigos batucando e fantasiados de caboclo de lança, burrinha e máscaras. Concetração na Rua dos Aniquis – Jardim Novo Pantanal, zona leste

Das 15h30 às 21h – Acadêmicos da Cerca Frango – Há 13 anos, moradores da Vila Curuçá se reúnem todas às terças-feiras para tomar cerveja. Em 2013, o grupo decidiu manter a tradição durante o carnaval, e assim nasceu o bloco. Concentração na Rua Aimberê – Vila Curuçá, zona leste

Das 16h às 21h – Favela Chic – O bloco carnavalesco nasceu em 2006 com a proposta de reunir os sambistas da Vila Matilde e realizar um desfile para integrar a comunidade. Concetração na Rua Isabel, 185 – Vila Matilde, zona leste

Às 17h – Filhos do Zaire – O bloco faz parte de um projeto de esporte e cultura criado por filhos de antigos integrantes de um time de futebol de várzea que brilhou na região nos anos 1970.  Concetração na Avenida Paranaguá – Ermelino Matarazzo, zona leste

Das 17h às 20h – Raízes de Vila Piauí – O bloco renasce em 2013 com o mesmo nome da antiga escola de samba local, fundada em 1982 no campo de futebol de várzea da Vila. Concetração na Rua Nilva com Avenida Mutinga – Vila Piauí, zona noroeste

Das 18h às 22h – Bloco do Chiquinho – O bloco foi criado em 2014 por moradores para suprir a falta de lazer. Na Rua Sapupira, 117 – São Miguel Paulista, zona leste

Às 20h – Bloco do Jaçanã – O bloco foi criado por moradores inspirados na música de Adoniran Barbosa, que tornava a música da região um sinônimo da cultura nacional. Concentração na Rua Antonio Cesar Neto – Jaçanã, zona norte


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