Biografia

Livro conta passagens memoráveis da vida de Sebastião Salgado

Em Da Minha Terra à Terra, fotógrafo fala sobre sua infância, seu engajamento político e as questões éticas e existenciais presentes em seu trabalho

Divulgação

“A única verdade é que a fotografia é minha vida,” afirma Salgado no livro Da Minha Terra à Terra (Cia. das Letras)

São Paulo – Em 2013, Sebastião Salgado lançou o Projeto Gênesis com as fotos de lugares “intocados” que captou em oito anos de reportagens. Essas imagens viraram livro e exposições que continuam percorrendo o Brasil e o mundo. Mas apesar de ser reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho, pouco se sabe sobre sua história pessoal.

Para apresentar o homem por trás das lentes, Isabelle Francq fez cinco grandes entrevistas com o mineiro nascido em Aimorés e o resultado acaba de ser lançado pela Companhia das Letras. Em Da Minha Terra à Terra, escrito em parceria com Isabelle, Salgado conta desde sua infância, numa fazenda no Vale do Rio Doce, até os bastidores da produção de Gênesis. O que se lê é uma saborosa conversa entre amigos em que Salgado se revela como um excelente narrador, ao debater, entre outras coisas, as raízes políticas, éticas e existenciais de seu engajamento fotográfico.

O olhar delicado e generoso com que Salgado retrata refugiados, trabalhadores e tribos isoladas fica evidente também por meio de palavras. Sua autenticidade aliada ao respeito com que trata seus fotografados são tocantes, especialmente em tempos que as pessoas se sentem no direito de fotografar tudo e todos sem pedir autorização. “Quando fotografo seres humanos, nunca chego de surpresa ou incógnito a um grupo, sempre me apresento. Depois me dirijo às pessoas, explico, converso e, aos poucos nos conhecemos”, relata.

A beleza, a desigualdade, o êxodo, a infância perdida e acima de tudo a dignidade do Homem. Com suas imagens sempre em preto e branco, Sebastião Salgado capta a essência humana em toda a sua dicotomia. No livro Êxodos, lançado em 2000, ele escreveu: “Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…”

É esta generosidade que o livro Da Minha Terra à Terra evidencia. Mas acima de tudo vem à luz o prazer que ele ainda sente em registrar a vida, mesmo do alto de seus 70 anos, completados em fevereiro – mais de 40 deles dedicados à fotografia. “Para alguns, sou fotojornalista. Não é verdade. Para outros, sou um militante. Tampouco. A única verdade é que a fotografia é minha vida. Todas as minhas fotos correspondem a momentos intensamente vividos por mim. Todas existem porque a vida, a minha vida, me levou até elas”.

Da Minha Terra à Terra
tulo original:De ma terre à la terre
Editora: Companhia das Letras
Selo: Paralela
Tradução: Julia Simões
Capa: Alceu Chiesorin Nunes
Páginas: 176
Preço: R$ 24,90

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