A coleção original circulou entre 1971 e 1980. Mesmo em pleno período de ditadura, Henfil teve a coragem de dar voz aos seus fradins, os célebres e provocativos Cumprido e Baixim, além da Turma da Caatinga, Graúna, Bode Orelana e Capitão Zeferino, personagens que contestavam, com humor e ironia, a situação social e política do país.

Sob o selo “25 Anos Sem Henfil – Morro, mas meu desenho fica”, a coletânea conta com o número zero, um exemplar adicional que faz um apanhado geral do conjunto da obra. Até agora, 15 revistas já foram lançadas e outras três devem sair até o final de 2013.

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Henfil: personagens para homenagear os dominicanos, que lhe garantiram não existir fogo no inferno. Ufa!

A previsão é que a coleção completa, com 31 números, chegue ao mercado no primeiro semestre de 2014. As edições podem ser compradas individualmente ou em pacotes pelo site da ONG Henfil – Educação e Sustentabilidade.

Segundo o organizador da coleção, educador e presidente da ONG, Mateus Prado, o lançamento das revistas têm o objetivo de homenagear o cartunista, além de recuperar e preservar sua obra. A entidade, com sede em São Paulo, promove cursos voltados para vestibular e Enem para pessoas de baixa renda.

Reencontro

Para o Ivan Cosenza de Souza, filho do cartunista, o relançamento da Coleção Fradim apresenta a obra de Henfil às novas gerações e possibilita o reencontro de antigos admiradores com os personagens inesquecíveis dos quadrinhos e do humor brasileiro.

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Ivan, filho de Henfil, busca apoio para conseguir distribuir coleção em bibliotecas e escolas públicas

“Como filho, eu tenho muito orgulho do interesse e do carinho que as pessoas têm pelo trabalho dele. Eu vejo a receptividade que a obra ainda tem, mesmo entre o pessoal novo, que não conhece seu trabalho. Acho que os jovens se interessam porque ele tem uma linguagem muito forte de contestação e muito atual”, afirma Ivan, criador e administrador do Instituto Henfil, entidade que, além de preservar a obra do cartunista, faz campanhas sociais e de conscientização.

Um dos dos projetos do instituto é levar a Coleção Fradim para as escolas. “Algumas pessoas com quem eu tenho contato, historiadores principalmente, me falam muito que este é um trabalho que conta a história do Brasil. Estou terminando os orçamentos para ver se talvez o governo compre ou a se gente consegue, com patrocínio, fazer uma tiragem para distribuição em escolas públicas, universidades, bibliotecas etc. Mas por enquanto a coleção é para matar a saudade dos fãs e fazer com que os filhos e netos desses fãs conheçam um pouco mais as historinhas do Fradim e da Graúna,” diz o filho de Henfil.

Para conhecer ou relembrar

Os personagens Baixim e Cumprido foram lançados na década de 1960, na revista mineira Alterosa. Inspirado em dois frades dominicanos, Henfil criou os personagens com características bem diferentes: Cumprido é ingênuo e extremamente bondoso e Baixim é muito sarcástico. Eles falam sobre problemas sociais, religiosos e políticos. Da Turma da Caatinga, o Bode Orelana era um animal culto que se informava comendo livros e jornais, Capitão Zeferino, um típico cabra macho do Nordeste e Graúna, uma ave esperta que ridicularizava o desenvolvimento do “Sul Maravilha”.

Por meio dos traços rápidos de seus cartoons, charges e quadrinhos, Henfil influenciou a vida política do país denunciando as injustiças sociais e o descaso político. Ele participou ativamente do Movimento pela Anistia e da Campanha pelas Diretas Já.

Hemofílico, o cartunista contraiu o vírus da Aids em uma transfusão de sangue e morreu pouco antes de completar 44 anos, em 1988.

Serviço
Quanto: R$ 15 cada volume
Onde comprar: http://lojavirtual.cursinhohenfil.org.br/colecao-fradim.html