Até 1º de novembro

Imagens de um modelo esgotado de urbanização e de desenvolvimento

Fotos do britânico Marcus Lyon exploram relação entre homem e ambiente e danos da corrida pelo crescimento no Brasil, Rússia, China e Índia, sob modelos superados de urbanização e desenvolvimento

Canal West Lamma, ao sul do Mar da China <span>(Fotos: Marcus Lyon/Divulgação)</span>Não é mera coincidência qualquer semelhança entre o Rio de Janeiro... <span>(Marcus Lyon/Divulgação)</span>... Mumbai, maior cidade da desigual Índia <span>(Marcus Lyon/Divulgação)</span>Dubai, Emirados Árabes, não é Brics, mas cresceu muito e rápido <span>(Marcus Lyon/Divulgação)</span>

Nascido na zona rural da Grã-Bretanha, Marcus Lyon começou sua carreira fotografando o trabalho de defesa dos direitos humanos da Anistia Internacional na América Latina. O que viu e viveu serviu como inspiração para abordar questões ligadas ao desenvolvimento. São recorrentes em suas fotos cenas que evidenciam os efeitos da urbanização e da migração. Durante mais de duas décadas, o fotógrafo passou por cerca de 90 países, sempre com o olhar voltado para esses temas.

A partir dos anos 2000, Lyon começou a se dedicar às relações contemporâneas entre o homem e a natureza em âmbito global. Assim nasceu a exposição Lyon: Brics and Exodus, em cartaz até 1º de novembro na Galeria Tempo, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

A série apresenta imagens de megaexpansões urbanas no bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, os países que formam a sigla Brics e que, mais que uma sigla, representam as economias chamadas “em desenvolvimento”. Ou seja, as que estão mais adiantadas na ambição de crescer com objetivo de proporcionar a suas populações condições de vida comparáveis às dos desenvolvidos – o que demanda um processo mais acelerado e, em muitos casos, desordenado; portanto, em descompasso com as limitações ambientais.

O fotógrafo explora o contraste entre grandes favelas (como a de Santa Teresa, no Rio, e em Mumbai, na Índia) e grandes aglomerados de concreto, por exemplo o da cidade de Chongqing, na China, que compõe a “massa urbana” que mais cresce no planeta, com mais 31 milhões de pessoas. “Esses ‘ímãs humanos’ atraem trabalhadores rurais com a promessa de melhores salários e melhor qualidade de vida, mas o delicado equilíbrio entre a crescente população e o espaço físico acaba definindo a condição humana nessas potências”, diz Lyon, em seu site.

Com Exodus, o artista analisa o impacto das migrações em massa de pessoas, bens e serviços em função do consumo e da globalização. Nesta série, ele traz imagens impressionantes de uma relativamente nova “geometria humana”: carros que, vistos de longe, desenham gráficos, plantações de arroz que deram lugar a enormes blocos de edifícios e o emaranhado de barcos que compõe a migração imperceptível de bens de consumo.

Exodus mostra a habilidade do ser humano de ‘circunavegar’ o planeta e aumentar exponencialmente a desconexão de uma visão simples da nossa identidade comum”, diz. Essa série tem o intuito de provocar dúvidas sobre as mudanças que as sociedades contemporâneas têm vivenciado, questionando representações da globalização.

Marcus Lyon fundou na década de 1990 o The Glassworks, um estúdio multidisciplinar que é referência no circuito das artes de Londres. O estúdio abriga editoras, ateliês, designers, e outros negócios criativos. Contraditório ou não, a agência que faz parte do conglomerado artístico criado por Lyon é especializada na produção de campanhas globais para as indústrias do design e da publicidade.

Lyon: Brics and Exodus
Quando: Até 1° de novembro. De terça a sábado, das 11h às 19h
Onde: Galeria Tempo, Av. Atlântica, 1782, loja E, Copacabana, Rio de Janeiro (RJ)
Quanto: Grátis
Informações: (21) 2255-4586