Desagravo

Comissão de Cultura da Câmara ouve Fora do Eixo e Mídia Ninja

Criadores de coletivos culturais ganham espaço no Congresso para explicar funcionamento de suas organizações depois de enxurrada de críticas nas redes sociais

Mídia Ninja

Repórter do Ninja é agredido durante cobertura de atos do 7 de setembro. Trabalho jornalístico despertou debates

São Paulo – Depois de enfrentarem uma maré de críticas nos meios de comunicação alternativos e tradicionais, e também nas redes sociais, em agosto, os criadores do Fora do Eixo e do Mídia Ninja terão tarde de desagravo hoje (17) na Comissão de Cultura da Câmara. Pablo Capilé e Bruno Torturra foram convidados pelos deputados Nilmário Miranda (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que preside a comissão, para “esclarecer a forma de funcionamento” dos coletivos. Capilé e Torturra estarão acompanhados da professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ivana Bentes, especialista em políticas culturais.

“O Fora do Eixo existe há dez anos, desenvolvendo atividade importante na cultura brasileira, e foi ignorado durante todo esse período. Não mereceu debate público nem cobertura pela mídia tradicional”, argumenta Nilmário Miranda, justificando o convite feito pela Câmara aos membros do coletivo. “A partir do momento em que se instituiu a Mídia Ninja, a partir da cobertura das Jornadas de Junho, o coletivo começou a sofrer ataques muito fortes. Muitas vezes, os ataques não foram fundamentados, mas apenas criminalizações sem maiores argumentos. Como diz respeito à cultura, o tema interessa à comissão.”

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Nilmário afirma que é importante esclarecer algumas “denúncias vazias” sobre o Fora do Eixo. “Criou-se um clima de que o grupo é coisa do PT, que vive de verbas públicas”, continua. “Agora virou moda demonizá-los por isso. A gente conhece muito bem esses processos, convivemos com isso há muito tempo. Queremos dar voz a esse pessoal para que eles possam falar sobre a proposta deles.” Questionado sobre as razões que originaram a campanha anti-Fora do Eixo, o deputado parece convencido: “Mídia é a palavra mágica”, pontua. “Quando a Mídia Ninja começou a fazer outro tipo de jornalismo, entrou na linha de tiro. A entrada no campo da mídia foi que precipitou tudo isso.”

Criado em 2005, no Mato Grosso, o Fora do Eixo reúne hoje, segundo seus próprios integrantes, cerca de 2.000 membros em todo o país. Os eventos culturais promovidos pelo coletivo são financiados por editais do governo ou de empresas estatais e privadas, e também por colaboração dos participantes. Outra forma de financiamento – e origem das críticas – são os cubo cards, moeda própria para troca de serviços dentro do coletivo. Nascida do Fora do Eixo, a Mídia Ninja ganhou visibilidade com a transmissão ao vivo pela internet das manifestações de junho.

Fora do Eixo e Mídia Ninja se transformaram em objeto de discussão pública depois da entrevista que seus criadores concederam ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2 de agosto. Dias depois da exibição do debate, a cineasta Beatriz Seigner, que já havia trabalhado com o coletivo, publicou em sua conta no Facebook uma carta recheada de críticas ao funcionamento do grupo – principalmente ao que classificou como “exploração” de seus integrantes e ao “autoritarismo” de Pablo Capilé. O documento repercutiu nas redes sociais e meios de comunicação.

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