Compartilhar

Grupos pedem que a prefeitura de São Paulo dê imóveis vazios para ocupação artística

'Ateliês coletivos' seriam ocupados por diversas expressões. Ideia é que distritos culturais estejam no Plano Diretor para proteger espaços de especulação imobiliária

Danilo Ramos/RBA

Ninho Sansacroma, no Capão Redondo, reúne diversas expressões. Ideia é multiplicar espaços compartilhados

São Paulo – Artistas de teatro, dança e circo reivindicam que a prefeitura de São Paulo dê a concessão de uso de imóveis vazios para que grupos artísticos de diversas expressões possam ocupá-los. A ideia vem sendo debatida em organizações de produtores e artistas e é apontada como uma alternativa ao processo de especulação imobiliária que ameaça a continuidade de trabalhos já existentes e o surgimento de novos.

“A ideia é que os imóveis sejam compartilhados por coletivos diferentes, que podem agregar um ao outro. Grupos de teatro, cinema, circo, artes. Além de facilitar a locação porque fica mais barato o aluguel, é possível compartilhar ideias”, explica Camila Andrade do Projeto de Dança Movimenta Brasil, que leu ontem (27) uma pauta de reivindicações coletiva durante o encontro Existe Diálogo em SP entre a comunidade teatral e o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira.

“Esse modo de produção que reúne pequenos grupos para ocupar espaços públicos e privados em que se estabelecem projetos de diálogo com a sociedade é uma tendência mundial. É mais do que um projeto artístico para ter bilheteria, é um projeto artístico, cultural e social também”, defende o dramaturgo Dorberto Carvalho, vice-secretário da Cooperativa Paulista de Teatro.

Além da cessão de uso dos imóveis vazios, a ideia é que seja previsto no próximo Plano Diretor, que está sendo debatido em audiências públicas, a criação de distritos culturais. “Hoje os grupos chegam nos lugares, revitalizam aquela região, valorizam o lugar e depois os aluguéis ficam caríssimos e eles são expulsos”, explica Carvalho.

Essa e outras propostas devem ser tratadas amanhã (29), durante reunião de um grupo de trabalho com diversos setores da comunidade teatral na Secretaria de Cultura para preparar a minuta de uma política pública para o teatro. O secretário Juca Ferreira mostrou-se simpático ao tema. “Eu acho interessante. Alguns teatros estão sendo pressionados a fechar. Porque o dono do imóvel recebeu uma proposta de uma grande imobiliária, uma proposta irrecusável e os proprietários começam a pressionar o pessoal do teatro. Tem pelo menos quatro nessa situação”, afirmou.

“Se nós não formos capazes de gerar uma política social, vai passar todos os teatros para o espaço ocioso, para a precariedade. Porque a cidade não garantiu seus espaços de práticas culturais. Nem a rua, as praças, os parques”, avaliou Ferreira.