Edição de maio da Revista do Brasil e os espinhos de um desenvolvimento desigual

As desigualdades do desenvolvimento humano, a dificuldade de exercer o direito de ir e vir nas metrópoles, preconceito contra bolivianos em SP, a transgressão de Laerte e outras histórias

Edição traz reportagem sobre o preconceito em escolas paulistanas, que afeta o ensino e a autoestima de filhos de imigrantes bolivianos (Foto: Gerardo Lazzari)

São Paulo – Quem mora em cidade grande sabe: depender de transporte público é ter certeza de uma dose diária de sofrimento. Para alguns a dose é tripla, ou maior. São pessoas que saem de casa antes de o sol nascer para uma maratona, espremidas, empurradas e irritadas em ônibus, trens e metrôs lotados – isso quando não acontecem as “falhas técnicas” durante o trajeto. A edição de maio da Revista do Brasil dedica reportagem de capa a uma discussão sobre o que fazer para melhorar a vida dos cidadãos no dia a dia. Em abril, entrou em vigor a lei da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que estabelece diretrizes para governantes e direitos dos usuários.

O debate sobre a qualidade de vida dos brasileiros é a proposta do editorial. E prossegue em matéria sobre o crescimento, visível, do Brasil – um país, porém, ainda desigual. Os dados do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, mostram que a maior parte do bolo ainda é dividida entre poucos. Os contrastes regionais e a necessidade de um crescimento mais justo e equilibrado, a propósito, foram tema das atividades de 1º de Maio deste ano, promovidas pela CUT.

Outra reportagem aborda o uso de agrotóxicos na produção brasileira de alimentos, que terminam contaminados, assim como a terra, a água e o ar. O veneno ameaça a saúde e a vida de quem trabalha e de quem consome. E algumas experiências mostram que é possível produzir com métodos alternativos para controlar pragas e doenças e inclusive vender mais barato.

O questionamento prossegue em texto sobre o Rio+20, o encontro que em junho vai avaliar o que o mundo fez nos últimos 20 anos – desde o histórico Eco 92, na capital fluminense – para melhorar o ambiente e propiciar condições adequadas de desenvolvimento. O planeta parece não ter assimilado os diversos sinais de alerta ali emitidos.

Na entrevista – por falar em questionamento –, o cartunista Laerte conta como assumiu a transgeneridade, como ele diz. Vestir roupas femininas e descobrir que isso era possível, independentemente das inevitáveis polêmicas, foi mais uma ousadia, talvez a maior de sua vida pessoal. Ele lembra, claro, das peripécias do tempo em que desenhava para publicações sindicais, nos perigosos anos 1970. Sobre esse tema, a TVT mostrou em abril uma série de reportagens como as charges no jornal Tribuna Metalúrgica.

Se a coragem pessoal de Laerte desafia uma sociedade conservadora, que dizer então de outro grupo social, este muito mais numeroso, que faz parte da diversidade paulistana. Uma reportagem com bolivianos que moram em São Paulo mostra que, muitas vezes, falta compreensão e civilidade a moradores que não aprenderam a conviver com gente que, simplesmente, tem outros hábitos e costumes. Um nível de preconceito e discriminação já experimentando pelos migrantes nordestinos na mesma metrópole.

A edição de maio traz ainda reportagens sobre a geração que renova a literatura de cordel, as lembranças dos projecionistas de filmes nos cinemas e a obra do artista plástico Francisco Brennand, instalada em um antiga cerâmica na periferia de Recife. Estão lá também os textos de Mauro Santayana, Laurindo Lalo Leal Filho e Mouzar Benedito.

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