‘Vale dos Esquecidos’ retrata disputa por terras há 46 anos no Mato Grosso

“É um filme que retrata sobre um pedaço do Brasil em guerra contra si mesmo”, analisa a cineasta

A diretora Maria Raduan mostra a luta travada por índios Xavante, posseiros, sem-terra, fazendeiros e grileiros (Foto: Divulgação)

São Paulo – O documentário ‘Vale dos Esquecidos’, de Maria Raduan, retrata a disputa pela região considerada o maior latifúndio do mundo na década de 70, a Fazenda Suiá Missú, localizada no Mato Grosso, entre o rio Araguaia e a bacia Amazônica. De forma imparcial, a cineasta mostra a luta travada por índios Xavante, posseiros, sem-terra, fazendeiros e grileiros.

Maria disse em entrevista à Rádio Brasil Atual que a contar a história de forma isenta e objetiva lhe pareceu a mais sensata e comparou a experiência com a de fotografar um local de forma panorâmica. “Ao longo desse processo pude notar que o que acontece no ‘Vale dos Esquecidos’ é semelhante em qualquer lugar da Amazônia ou do Brasil quando a questão é disputa por terras.” 

'Vale dos Esquecidos' é semelhante em qualquer lugar da Amazônia ou do Brasil quando a questão é disputa por terras”, disse a diretora Maria Raduan (Foto: Divulgação)

Segundo Maria, o interesse pela temática aconteceu por afinidade natural. A cineasta vem de uma família de fazendeiros e relembra a amizade de sua mãe com o sertanista brasileiro Orlando Villas-Bôas, que dedicou sua vida em defesa aos povos da selva. “Com isso tive a oportunidade de ir ao Parque Indígena do Xingu (situado ao norte do Mato Grosso), sempre tive intimidade com o tema que trato no filme. Não tive que estudar, já fazia parte de mim.”

 

Segundo a diretora, a fazenda Suiá Missú fez parte da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudan), na qual o Governo Federal promoveu que a Amazônia fosse habitada e desenvolvida.

Para Maria Raduan, a falta de clareza e de posicionamento do governo federal em relação à questão fundiária no Brasil é que cria toda essa confusão na área, que tem cerca de 150 mil hectares. O vai-vem jurídico acerca daquelas terras já dura 46 anos.

Confira aqui a entrevista da Rádio Brasil Atual na íntegra.