O lixo do oportunismo e da hipocrisia

A reação ao acordo entre supermercados e governo de SP no caso das sacolinhas. E como a desinformação e a violência atrapalham a luta contra o crack e outras drogas

Capa da revista de fevereiroA Revista do Brasil de fevereiro destaca a reação ao acordo entre a Associação Paulista de Supermercados e o governo do estado, restritivo ao uso de sacolinhas plásticas nos estabelecimentos. Na reportagem de Cida de Oliveira, especialistas, usuários e trabalhadores alertam para o desrespeito aos direitos do consumidor, o oportunismo das empresas ao empregar discurso ecológico para cobrar por um produto que têm obrigação de fornecer, o risco de desemprego para milhares de pessoas e tudo isso sem impactos efetivos na questão ambiental.

A edição traz experiências locais e internacionais de iniciativas baseadas na redução de danos como forma de enfrentar a dependência das drogas em contraste com a desinformação, a violência e o preconceito que têm marcado ações desastradas e ineficazes para se combater o avanço do crack, nas grandes cidades e no interior – com reportagens de Joana Moncau, Júlio Delmanto, Spensy Pimentel, Letícia Cruz e, de Berlim, Flávio Aguiar.

Na entrevista a Carlos Minuano, o polivalente e inquieto Selton Mello, homenageado na Mostra de Cinema de Tiradentes, fala de sua formação, da carreira, do mergulho como diretor e o desafio de fazer filmes reflexivos e, ao mesmo tempo, populares. Guilherme Bryan pega carona nos 400 anos de São Luís do Maranhão e celebra o bumba meu boi, patrimônio cultural do Brasil.

Num momento em que se discutem leis que põem em risco a liberdade da comunicação via internet, Andrea Dip destaca que o bom uso das redes sociais – e não a censura – são a melhor forma de se desfrutar a web sem se deixar pegar por baixarias e danos à imagem. Censura é coisa do passado, como lembra Vitor Nuzzi, ao buscar na memória o quanto os antigos censores a serviço da moral, dos bons costumes e da ditadura perseguiram subversivos como Chacrinha e Odair José.

Nuzzi mostra também espírito esportivo ao registrar o adeus de Marcos, do Palmeiras, e como o goleiro, com quase duas décadas de dedicação a um único clube, representa uma espécie apaixonada e em extinção no futebol.

Em seu artigo, Laurindo Lalo Leal Filho critica o ilusionismo na televisão brasileira, enquanto Virgínia Toledo vai ao Planalto Central retratar projetos de TV comunitária em cidades satélite da capital federal e mostrar como o direito a produzir informação pode estimular jovens e decifrar a sua realidade e sua identidade. Mauro Santayana discute os dilemas do capitalismo e do Fórum de Davos. Enquanto Flávio Aguiar passeia pela Sardenha, onde Garibaldi viu sua Itália se unificar há 150 anos. 

 Ao despedir-se da redação da Revista do Brasil a caminho de abraçar outros desafios, a editora-assistente Xandra Stefanel, mal sabe ela, revela seu lado cronista e provocador.