Tiradentes (MG) – “Em 15 anos de festival só assisti a um filme”, conta a proprietária de um dos vários restaurantes localizados no Largo das Fôrras, onde está instalado um dos três espaços de exibição da Mostra de Cinema de Tiradentes, o Cine Praça, com espaço para mais de mil espectadores. “Abrimos cedo e trabalhamos até quase meia-noite, não sobra tempo, e depois que acaba o festival não tem mais nada.” O evento que abre a temporada audiovisual brasileira é realizado em uma cidade sem cinema, como muitas outras no Brasil. 

Enquanto este repórter faminto devorava alguns quitutes da região, a moradora, esbanjando a típica simpatia mineira, lança uma sugestão óbvia, mas pertinente. “Deveriam fazer um cinema para nós”. Ainda não sabíamos, mas seu pedido seria atendido. 

Após uma década e meia de muitos filmes exibidos anualmente no festival que ocorre na pequena cidade, a população terá enfim sua primeira sala de cinema. A boa nova foi anunciada na última sexta (20), durante a abertura da 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Uma cerimônia carregada de emoção, com direito a lágrimas, risos e muitos aplausos. 

A sala será instalada no Sesi Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves, que também vai abrigar a realização do projeto Cine Expressão – A Escola Vai ao Cinema, com programação dirigida a estudantes e educadores de cidades da região. Outra novidade anunciada foi o lançamento de um livro que repassa os 15 anos de histórias – e filmes – da Mostra de Tiradentes. 

A coordenadora da mostra, Raquel Hallak, fez uma retrospectiva da história e desafios do evento e apresentou a programação que segue até o próximo sábado (28), com exibição gratuita de 116 filmes de todos os gêneros, além de uma extensa agenda de oficinas e debates. O festival destaca nesta edição a importância do ator e presta homenagem a Selton Mello, que completa 30 anos de carreira. O ator concedeu entrevista exclusiva para a edição de fevereiro da Revista do Brasil. 

Apesar de a Mostra de Cinema de Tiradentes ter se firmado como celeiro de novos diretores, quem abriu a edição deste ano foram os globais. Além de Selton Mello, Milton Gonçalvez e Grazi Massafera, acompanhada do marido, Cauã Reymond, estiveram presentes para conferir a pré-estreia do longa Billi Pig, de José Eduardo Belmonte. 

A primeira comédia do diretor de Se Nada Mais Der Certo tem texto e roteiro fracos, mas conseguiu tirar boas risadas da plateia. Mérito do elenco, com legitimo destaque a atuação de Grazi, que em seu primeiro papel no cinema, mandou muito bem. O filme estreia no dia 3 de março.

Novos nomes

Sete novas produções serão apresentadas na Mostra Aurora, que chega à sua quinta edição, dedicada aos primeiros e segundos longas de novos realizadores, que concorrem aos prêmios do Júri da Crítica e Júri Jovem. O documentário mineiro Balança Mas Não Cai, de Leonardo Barcelos, sobre o famoso Edifício Tupis, no centro de Belo Horizonte, abriu a Mostra Aurora nesta segunda (23).

A política também está na pauta desta semana em debates sobre as dificuldades que o setor audiovisual tem enfrentado no Ministério da Cultura e a participação, ainda incerta, da Petrobras no fomento à cultura em 2012. 

Nesta quarta (25), a mostra segue com destaque para o encontro com curadores internacionais. Participam da mesa Um Olhar Sobre o Cinema Brasileiro representantes dos festivais de Cannes, San Sebastian, Veneza, Amsterdã e Barcelona.

Encontre mais sobre programação, história e imagens da Mostra de Tiradentes aqui: www.mostratiradentes.com.br/