Circo Voador e Sesc Pompeia festejam 30 anos de fundação

Instalações de grande porte são comuns entre os eventos programados no Sesc Pompeia, ícone cultura de São Paulo (Foto: FbMichel/Arquivo RBA) São Paulo – Dois dos mais importantes, democráticos e […]

Instalações de grande porte são comuns entre os eventos programados no Sesc Pompeia, ícone cultura de São Paulo (Foto: FbMichel/Arquivo RBA)

São Paulo – Dois dos mais importantes, democráticos e emblemáticos espaços culturais do Brasil completaram 30 anos nesta semana. No domingo (15), foi aniversário do Circo Voador, a lona que surgiu em 15 de janeiro de 1982, na praia do Arpoador, e se consagrou mesmo ao ser instalado atrás dos arcos da Lapa. Na sexta-feira (20), quem completou três décadas foi o Sesc Pompéia, única unidade do Sesc tombada pelo patrimônio histórico em razão de, em vez de instalado num novo e moderno prédio, fica no mesmo espaço onde funcionou uma fábrica de tambores.

O Circo Voador foi uma ideia idealizada por Perfeito Fortuna, então integrante da trupe teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, formada por, entre outros, Hamilton Vaz Pereira, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita e Patrícia Travassos, que, na época, promoviam cursos (vivências, como se dizia naqueles tempos) no Parque Lage.

A vontade de um espaço próprio aproximou Perfeito do engenheiro Márcio Calvão e do cenógrafo Maurício Sette, que elevaram um espaço com capacidade para 800 pessoas e que foi inaugurado com uma “Surpreendamental Parada Voadora”, expressão criada pelo poeta Chacal, que lotou as ruas da capital fluminense de artistas e malucos de todas as espécies.

No final daquele verão, em março, o Circo Voador foi desmontado e transferido para a Lapa, onde graças a um projeto denominado “Rock Voador” se tornou o palco mais importante para as então estreantes bandas do rock brasileiro dos anos 1980, caso de Blitz, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Titãs e Ultraje a Rigor, entre tantos outros.

Lá permaneceu até 1996, quando uma ação do então prefeito Luiz Paulo Conde proibiu seu funcionamento. O fato é que aquele espaço cultural tão democrático incomodou muito políticos e empresários culturais.

O Circo foi reaberto em 2004, depois de uma ampla reforma e muita mobilização popular, e hoje tem estrutura para receber cerca de 2,5 mil pessoas para eventos de diferentes expressões artísticas.

Instalado num dos bairros nobres de São Paulo, o Sesc Pompeia foi fruto do trabalho da famosa arquiteta Lina Bo Bardi, que revitalizou a antiga Fábrica Nacional de Tambores Mauser. Após quase três anos de trabalhos exaustivos, ela e sua equipe devolveram àquela estrutura o aspecto inglês que possuía no início do século 20 e a conjugou a dois novos edifícios, que receberam piscinas e quadras de esporte. Foi o suficiente para abrigar choperia, teatro, bibliotecas, laboratório fotográfico, estúdio de música, educação artística e dança, oficinas de gravuras e desenho, e um jardim suspenso sobre a caixa d’água.

Estrutura de 24 mil metros quadrados mais do que suficiente para se transformar num dos espaços mais democráticos de São Paulo, que reunia, em média, 3 mil pessoas por dia. O primeiro grande evento foi o festival punk “O Começo do Fim do Mundo”, realizado entre 27 e 29 de novembro de 1982. Foi um dos primeiros palcos de muitas novas bandas do rock brasileiro, que se apresentaram no programa A Fábrica do Som, exibido pela TV Cultura e comandado por Tadeu Jungle. Também foi onde Marcelo Rubens Paiva lançou o romance Feliz Ano Velho, e onde até hoje acontecem diversas performances, exposições, shows e exibições de filmes, além de cursos e oficinas de arte e artesanato. 

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