Quanto vale o sambista e jazzista Dani Turcheto?

O músico Dani Turcheto, que lança seu segundo álbum (Foto: ©Daniela Toviansky/Divulgação) São Paulo – O sambista paulistano Dani Turcheto tem chamado atenção pela maneira diferenciada com que estabelece o […]

O músico Dani Turcheto, que lança seu segundo álbum (Foto: ©Daniela Toviansky/Divulgação)

São Paulo – O sambista paulistano Dani Turcheto tem chamado atenção pela maneira diferenciada com que estabelece o preço dos CDs e shows que realiza. No site oficial dele, o ouvinte é convidado a baixar os dois álbuns lançados até agora, “Sobremesa”, de 2009, e o recém-lançado “Madeira Torta”, e depois decidir quanto está disposto a desembolsar por eles. O mesmo acontece com relação aos shows. Porém, mais do que isso, ele é um cantor e compositor dos melhores e sabe tocar cavaquinho com grande talento.

Esse mérito fica explícito na faixa-título “Madeira Torta”: “Certeza que moderno seria / Curtir a liberdade e as fases / Mas o meu coração não alivia / Assim ele não bate, tá sem alegria / Porque não tem você”.

Dani Turcheto é acompanhado por uma forte banda de apoio, formada por Zé Nigro, no baixo; Edu Salmaso, na bateria, Juliano Beccari, no teclado, Mauro Refosco na percussão e João Ebetto no violão e no coro. Há também a presença de Jon Cowherd, na fender Rhodes e hammond B3; e Dennis Lichtman, no clarinete. Há também dueto de Dani com a cantora Lu Horta, nas parcerias dos dois, ou seja, a doce “Deu Zueira” e “Amor de Lágrimas”: “Escolhe a tua cor e mancha a tela / Depois varia o tom, mistura todas outras na aquarela / Se pinta de Rei”.

“Madeira Torta” é um excelente álbum para quem gosta de músicas agradáveis, que mantém o tom mais tradicional da música popular brasileira, o que fica comprovado na ótima regravação de “Amanhã Ninguém Sabe”, de Chico Buarque, que apresenta todo o clima dos bailões de arrasta-pé, com excelentes pitadas de jazz.

Há também a doce “Um Samba em Cada Esquina” e “Coração de Gato”, um samba contagiante, gaiato e calcado no cavaquinho de Dani Turcheto: “Que eu tenho um coração como de um gato / Que você pra se livrar tem que matar mais de uma vez / Ter me trocado foi um pequeno ato falho / Tá aqui dentro aquele amor, que nunca morre por você”.

A melhor canção do álbum é a doce, mas forte “Festa de Reis”, que remete às festas tradicionais brasileiras. Para terminar, nada melhor do que o irresistível samba rock “Você acha que eu gosto?”. Afirmativa é minha resposta em relação ao trabalho de fôlego de Dani Turcheto. Que muitos outros álbuns a altura e até melhores sejam realizados pelo cantor, compositor e músico.

Leia a seguir uma entrevista exclusiva com Dani Turcheto.

RBA – No seu site, seus CDs são oferecidos para serem baixados livremente e deixar para o ouvinte decidir quanto quer pagar. O mesmo sistema se aplica aos shows. Por que essa opção?

Eu acredito que, hoje em dia, o poder de consumir arte digitalizável (CDs, DVDs) está nas mãos do consumidor. Quem quer baixar um CD ou um arquivo de forma gratuita na internet consegue. Por outro lado, se pagar não é mais uma obrigação, tem de ser uma opção. Principalmente em casos que o consumidor goste. No meu site está assim, experimente, pense o quanto vale e fica o convite para voce pagar o preço subjetivo que te convém. É como se invertessemos a lógica comercial, dizendo que quem coloca o preço é o consumidor… Eu só coloquei para funcionar no meu site o que já ocorre no dia a dia de maneira sistemática.

RBA – Quais são as principais diferenças entre “Madeira Torta” e “Sobremesa”?

“Madeira Torta” foi produzido em Nova York também, o que trouxe um sotaque mais jazzístico às minhas composições. Sem contar que, no “Madeira”, gravei uma música de outro compositor, “Amanhã Ninguem Sabe”, do Chico Buarque de Hollanda.

RBA – Como surgiu a parceria com a cantora Dani Luppi? Ela já participou também nos shows seus?

A Dani é uma paixão musical da minha vida. Somos parceiros do projeto “Quanto Vale uma Canção?” (www.quantovaleumacancao.com.br). Nos conhecemos nesse projeto e começamos a fazer musica. E, sim, ela tem participado dos meus shows!

RBA – Como vê a análise de que seu trabalho, de certo modo, ajuda a manter a tradição do samba brasileiro e paulistano?

Eu espero que sim e fico honrado com essa possibilidade. O samba corre nas minhas veias e bombeia o meu coração, que bombeia de volta amor para as minhas veias!

RBA – Por que regravar “Amanhã Ninguém Sabe”, uma das primeiras composições de Chico Buarque? Tem a ver com sua predileção pelo tradicional?

O Chico Buarque é talvez a minha maior referência musical e procurei gravar uma musica Lado B dele. “Amanhã Ninguém Sabe” é do primeiro disco. Então encontrei com essa gravação uma maneira de legitimar meu agradecimento a tudo que ele fez, desde o começo da sua carreira.

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