Festa Literária de Paraty termina esvaziada, mas com surpresas e momentos históricos

Paraty – A nona Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) terminou neste domingo (10) com grandes momentos, outros embaraçosos, e um show de organização. Dificilmente, quem esteve na cidade do […]

Paraty – A nona Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) terminou neste domingo (10) com grandes momentos, outros embaraçosos, e um show de organização. Dificilmente, quem esteve na cidade do litoral fluminense, que pleiteia a vaga de patrimônio da humanidade pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a  Ciência e a Cultura (Unesco), se esquecerá da marcante e histórica conferência de abertura do professor e crítico literário Antonio Candido, que fez questão de relatar sua intensa relação de amizade com o homenageado da festa, Oswald de Andrade. 

Também marcante foi a apresentação do escritor português valter hugo mãe (que redige o nome em minúsculas mesmo), que obteve uma reação apoteótica da plateia, que esgotou todos os exemplares de seu livro, “a máquina de fazer espanhóis”, em questão de minutos. O escritor, colunista e psicanalista Contardo Calligaris não deixou a desejar ao substituir Antonio Tabucchi, escritor italiano que cancelou a participação como forma de protesto ao fato de o governo brasileiro não extraditar Cesare Battisti, acusado de terrorismo na Itália. Já o escritor e cineasta francês Claude Lanzmann, diretor de “Shoah”, que, em cerca de nove horas, exibe depoimentos de sobreviventes dos campos de concentração nazistas, não escondeu o mau humor, falou mal de Paraty e, claro, terminou vaiado. Na coletiva de imprensa, a atitude e a resposta obtida não foram diferentes.

Os esperados norte-americanos Joe Sacco e James Ellroy não fizeram feio. O quadrinista falou da influência jornalística de seu trabalho e da importância de jornalistas gonzo como Hunter S. Thompson na sua carreira. Já o romancista policial James Ellroy falou da surpresa em encontrar no Brasil mais do que violência, mulheres de biquini e samba, da paixão por Beethoven e do desconhecimento de literatura grega e russa. Mas o rei mesmo do sábado foi o sempre simpático escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro. No domingo, as atenções estavam voltadas à apresentação de David Byrne, o cantor e compositor, ex-líder dos Talking Heads, que se tornou um dos maiores defensores do cicloativismo no mundo.

Com as tendas posicionadas horizontalmente uma ao lado da outra, evitando os desencontros e a necessidade constante de atravessar uma ponte, como acontecera nas edições anteriores, a Flip termina com dia ensolarado, em clima de festa, já se aquecendo para comemorar uma década em 2012. Espera-se, no entanto, mais atrações de peso que possam trazer o público de volta a Paraty, já que dessa vez o evento pareceu um pouco esvaziado de grandes escritores e de mais leitores.