Cansados de ‘tomar cafezinho’, ativistas que ocupam Funarte querem ação do MinC

Com críticas ao presidente da fundação e aos rumos da pasta 'há vários anos', trabalhadores da cultura querem mais do que promessas de diálogo

São Paulo – Trabalhadores da cultura que ocupam desde segunda-feira (25) a sede da Fundação Nacional de Arte (Funarte) em São Paulo afirmam, nesta quinta-feira (28), que esperam ações mais incisivas do Ministério da Cultura (MinC). Eles reivindicam uma política de governo mais clara e duradoura para a área.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Rudifran – que preferiu manter a identidade em sigilo –, um dos participantes da ocupação, afirmou que a negociação com o ministério se arrasta há vários anos, sem sucesso.  “A gente cansou de tomar cafezinho com o Minc”, reclama. “Não queremos mais só (a promessa de) diálogo, porque a gente dialoga com o ministério há mais de dez anos.”

Na avaliação de Fábio Rezende, também integrante do movimento, a permanência na Funarte está garantindo apoio nacional e será mantida. “Pessoas estão se articulando em outros estados também”, adianta. “O que começou aqui está se expandindo.” O trabalhador da cultura acredita que é preciso continuar a ocupação do órgão: “Vamos continuar, estamos estudando e ensaiando”.

A carta do presidente da Funarte, Antonio Grassi, divulgada na noite de quarta-feira (27) pelo Ministério da Cultura, com críticas ao movimento, também foi alvo de comentários dos artistas. “O Grassi é um excelente ator. Ele tem mania de infantilizar trabalhadores da cultura que exigem coisas que ele não pode fazer”, ironiza Rudifran.

O presidente da fundação defendeu o direito de manifestação dos ativistas por mais verbas para cultura, mas afirmou considerar uma contradição a decisão de fechar os portões do prédio para funcionários. Ele sustenta estar disposto ao diálogo.

Durante o período em que ocupam o prédio, os manifestantes – que fazem questão de serem chamados de trabalhadores da cultura – têm realizado oficinas de música e teatro no próprio espaço. Eles criticam a cobertura da imprensa sobre o ato, afirmando haver manipulação de dados e declarações.

Antes da ação, um manifesto foi divulgado criticando a Lei Rouanet, que permite financiamento de atividades culturais por meio de renúncia fiscal. Eles defendiam, entre outros pontos, a alteração na legislação para evitar o que eles consideram ser uma forma de privatização do financiamento da cultura.