Programa de cinema popular chega a Irajá, no Rio

Rio de Janeiro – O segundo empreendimento aprovado do programa Cinema Perto de Você, lançado no ano passado pelo Ministério da Cultura e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine),  vai chegar no […]

Rio de Janeiro – O segundo empreendimento aprovado do programa Cinema Perto de Você, lançado no ano passado pelo Ministério da Cultura e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine),  vai chegar no próximo mês a Irajá, na zona norte carioca, com o objetivo de atender à população de 20 bairros da região, estimada em um milhão de pessoas.

O outro projeto do mesmo programa, o Cine 10, tem seis salas Multiplex, inclusive uma para exibição de filmes em três dimensões (3D), no Jardim Sulacap, na zona oeste do Rio de Janeiro. O conceito é inédito, já que o cinema está localizado dentro de um hipermercado. 

O Cine 10, do exibidor Adhemar de Oliveira, teve apoio financeiro de R$ 3,763 milhões. Para o cinema popular de Irajá, da Redecine Rio Cinematográfica Ltda, o financiamento soma R$ 3,5 milhões.

O programa Cinema Perto de Você objetiva descentralizar o parque exibidor nacional, estimulando a abertura de salas em bairros populares de grandes metrópoles e em municípios de médio porte, como forma de ampliar as opções de cultura e lazer de comunidades de baixa renda.

O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse à Agência Brasil que o balanço é positivo. “Os exibidores aderiram com muito entusiasmo ao programa e já começaram a preparar projetos para submeter ao BNDES”, um dos parceiros do programa. Além dos dois projetos aprovados, mais quatro estão em análise pela área técnica do banco. “Esses projetos somam de 50 a 60 salas”, estimou.

Segundo Manoel Rangel, o programa foi também um sucesso de adesão de público no primeiro complexo construído, em Sulacap. A resposta da demanda foi muito rápida. “Em três semanas, o complexo de Sulacap já estava com uma taxa de ocupação similar à de um cinema que já estava em funcionamento há mais de dez meses”. O público é predominantemente da classe C, “pessoas que estavam desabituadas de ir ao cinema ou vivendo em áreas cujo acesso era distante do local de moradia”.

Rangel disse que há uma mobilização do empresariado exibidor para expandir o circuito de salas. O setor reivindica outro pilar do programa, a desoneração fiscal. Essa desoneração foi feita pelo governo federal com a Medida Provisória 491, que caiu por causa das eleições do ano passado. Salientou, contudo, que, neste momento, há o compromisso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de retomar a medida que reduziu o custo de construção de uma sala de cinema em 30%, por meio da desoneração de impostos federais e do efeito cascata sobre os impostos estaduais e municipais.

Outro pilar do programa é a linha de financiamento, ofertada pelo BNDES, com taxas de juros abaixo das praticadas pelo mercado. “Nós continuamos tendo recursos para atender a todos os exibidores que nos procurarem e ao BNDES”. Como a desoneração fiscal não está sendo aplicada, Rangel não pôde precisar quantas salas serão inauguradas este ano.

O programa Cinema Perto de Você atende a cidades com mais de 100 mil habitantes sem nenhuma sala de cinema (que somam mais de 100 municípios no país); cidades entre 100 mil e 500 mil moradores com demanda reprimida; e cidades com mais de 500 mil moradores. “Para ter uma ideia, dependendo da localização do empreendimento, ele pode ter uma taxa de juros de 1,5% ao ano”. Em lugares onde a parcela da população tem renda um pouco mais elevada, a taxa de juros sobe para 4,8% ao ano. É uma taxa de juros excepcional”.

O programa engloba outro projeto, o Cinema da Cidade, destinado a municípios com 20 mil a 100 mil habitantes que não têm nenhuma sala de cinema. Esse projeto, entretanto, depende de emendas parlamentares e de recursos do Tesouro Nacional que, nesse momento, não apresentam disponibilidades orçamentárias, disse o presidente da Ancine. “Esse é um projeto que está pronto para operar, mas nós não temos as condições financeiras neste momento”.

As regiões Norte e Nordeste serão priorizadas no programa. “Em qualquer sala construída no Norte e no Nordeste, a taxa de juros é de 1,5% ao ano”. O programa estabelece um mínimo de 10% de recursos próprios do empreendedor privado.

A expectativa de Manoel Rangel é que o programa seja ampliado. “A economia do país continua crescendo. Continuam mais brasileiros querendo ter acesso a bens culturais. Mais parcelas da população continuam tendo a renda melhorada. Essas razões todas nos fazem crer que o programa vai expandir o parque exibidor e vai continuar deslanchando”. O programa tem por meta estimular a construção de 600 salas no país em quatro anos.

A exibição de filmes nacionais nos complexos do programa obedece à chamada cota de tela. A cota fixada para 2011 estabelece a exibição mínima de três filmes brasileiros pelo período de 28 dias no ano para cinemas com apenas uma sala. À medida que aumenta o número de salas, aumenta também o número de dias e de filmes nacionais exibidos. Para um complexo de seis ou sete salas, por exemplo, a cota chega a oito ou nove filmes nacionais durante 47 dias no ano.