Animação ‘Enrolados’ faz releitura pop de Rapunzel
(Foto: Divulgação) São Paulo – Lembra-se de Rapunzel? A garota da longas tranças loiras que as jogava pela janela de uma torre onde estava presa? Pois é, ela ainda está […]
Publicado 06/01/2011 - 15h31
São Paulo – Lembra-se de Rapunzel? A garota da longas tranças loiras que as jogava pela janela de uma torre onde estava presa? Pois é, ela ainda está lá, seus cabelos ainda são longos, mas o seu senso de humor…ah, esse é completamente diferente.
Esqueça aquela noção de contos de fada de donzelas sofredoras e choronas, herois valentes e paixões puras – uma visão que a Disney ajudou a perpetuar ao longo das décadas.
“Enrolados” subverte esses clichês, embora a paixão pura continue mais ou menos ingênua, já que se trata de um filme infanto-juvenil.
Em sua 50a animação, a Disney deixa de lado o conservadorismo e faz de “Enrolados” um filme repleto de humor sagaz e um colorido vibrante. Ele está sendo lançado em todo o Brasil tanto no formato convencional como 3D, mas apenas em cópias dubladas.
Em várias ocasiões anteriores em que o estúdio resolvera fazer releituras de temas clássicos, os resultados foram um tanto decepcionantes, como no caso de “Planeta do Tesouro”, por exemplo.
Aqui, o roteiro assinado por Dan Fogelman (“Carros”, “Bolt – Supercão”) mantém a base clássica – princesa mantida em cativeiro por mulher má que se passa por sua mãe para usar seus cabelos mágicos que lhe garantem juventude – e a subverte com personagens longe da idealização dos contos.
Como toda boa adolescente, ela tem terríveis flutuações de humor. Rapunzel (dublada por Sylvia Salustti) é uma garota hiperativa, mesmo confinada à sua torre.
O mundo exterior, diz a sequestradora que ela pensa ser sua mãe, é cruel e perigoso. Assim, seu único amigo é um camaleão.
A chegada do ladrão Flynn Ryder (dublado por Luciano Huck) é a mudança que ela não esperava, mesmo que ansiasse por algo de novo. Ele é um ladrão foragido que precisa a todo custo se esconder.
Para eles, juntos, o mundo é tão atrativo quanto perigoso. Em companhia do seu camaleão de estimação e fugindo de um cavalo esperto que persegue o ladrão, Rapunzel e Flynn percorrem as florestas do Reino. Ela, encantada com todas as novidades; ele, fugindo de seus perseguidores.
O colorido gritante, favorecido pela exibição em 3D, faz lembrar tanto as animações da Pixar (John Lasseter, um do seus fundadores, assina como produtor em “Enrolados”), quanto as da DreamWorks – mas com um diferencial: aqui a história é protagonizada por um personagem feminino.
Nas animações da Pixar, são sempre personagens masculinos que tomam a dianteira: o astronauta e o caubói de “Toy Story”; o peixe de “Procurando Nemo”; o ratinho de “Ratatouille” e por aí vai. E a protagonista aqui não é apenas uma moça tola e romântica, que espera seu príncipe encantado.
Já a mãe adotiva entra para a galeria de figuras maternas maquiavélicas da Disney, que não é uma lista curta. Mamãe Gothel (dublada pela cantora e atriz Gottsha) é uma figura à parte.
Com sua voz doce e sua chantagem emocional, ela é capaz de facilmente manipular Rapunzel, fazendo com que a menina se sinta culpada por não amar suficientemente a mulher que a sequestrou – que pensa ser sua mãe.
A velha mensagem batida dos filmes Disney – “vá atrás do seu sonho” – está presente. Mas, com a roupagem nova dada por “Enrolados”, ela é passada de forma menos convencional. Algumas das sequências – como uma série de lanternas de papel flutando no ar – ganham uma beleza ímpar com a nova tecnologia.
Assim, a fusão do novo com o conto de fadas antigo confere à história de Rapunzel uma atemporalidade que extrapola os limites do seu reino encantado.
Veja Trailer:
Fonte: Reuters
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