Diretor de ‘Sin City’ retoma mundo infantil

Um dos pontos interessantes do roteiro é a alfinetada que Rodriguez dá na 'onda verde', dos produtos ecologicamente corretos

“A Pedra Mágica” estreia em todo Brasil apenas com cópias dubladas (Foto: Divulgação)

São Paulo – Depois de participar do projeto Grinhouse ao lado Quentin Tarantino, quando escreveu e dirigiu “Planeta Terror”, Robert Rodriguez volta às produções infantis com “A Pedra Mágica”.

Nada mais natural para um cineasta versátil, que é cultuado por filmes como “El Mariachi” (1992) e pelas franquias “Sin City” e “Pequenos Espiões”.

No entanto, a alternância de públicos parece alimentar um equívoco em Rodriguez que, por primário, é inexplicável. Tal como ocorreu em “As Aventuras de Sharkboy & Lavagirl em 3D” (2005), o diretor não se importa em provar que é possível fazer filmes para crianças sem excluir o público adulto.

“A Pedra Mágica”, que estreia em todo Brasil apenas com cópias dubladas, é um filme estritamente infantil. Narrada pelo personagem Toby Thompson, ou “Toco”, a história é, na verdade, uma série de curtas (daí o nome em inglês, Shorts) humorados e não lineares sobre como um grupo de crianças lida com uma pedra encantada, que realiza todos os desejos de quem a toca.

Além de Toco, Gosmento, Mala, Raio, Xereta e Helvetica também querem se aproveitar dos benefícios trazidos pela pedra. Na lista dos intermináveis desejos, um constrói um forte gigantesco para brincar, outro pede para que seu aparelho dentário desapareça, e há ainda quem peça uma moto. Salvar o planeta das agonias da poluição e da fome? Esquece.

Em contraponto ao núcleo das crianças, Rodriguez constrói um mundo adulto dominado pela falta de escrúpulos. Todos trabalham para o imoral Sr. Black (James Spader, de “Secretária”), que os mantém em um permanente estado de estresse pelo medo de serem demitidos. Lê-se aí uma crítica sutil do diretor sobre ausência paterna, que leva um dos personagens a pedir “um amigo” para a pedra.

Com a sucessão de problemas causados pelos pedidos, Robert Rodriguez embute uma saraivada de lições morais, cujas mensagens não são outras senão a importância da amizade, do respeito e do amor. Tudo colocado de forma simples, sem malícia e acertadamente ingênua.

Um dos pontos interessantes do roteiro é a alfinetada que Rodriguez dá na “onda verde”, dos produtos ecologicamente corretos. A única piada que parece ser direcionada ao público com mais de 10 anos.

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Fonte: Reuters