Ator Johnny Depp na estreia de ‘Inimigos Públicos’ em Paris

Filme é baseado em livro-reportagem de Bryan Burrough e conta a história do gângster John Dillinger

Filme Inimigos Públicos (Foto: divulgação)

São Paulo – Johnny Depp deixa de lado o humor de “Piratas do Caribe” para encarnar um dos mais famosos gângsteres dos anos 30, John Dillinger, em “Inimigos Públicos”, de Michael Mann. O filme entra em circuito nacional.

O audacioso ladrão de bancos que apavorou vários estados dos EUA na era da Grande Depressão foi objeto de outro filme, “Dillinger – Inimigo Público no. 1” (1973), de John Milius.

Nesta nova versão, como se pode esperar de um diretor com a folha corrida de Mann –a quem se creditam “O Informante” (1999), “Ali” (2001), “Colateral” (2004) e “Miami Vice” (2006)- não se trata de um mero confronto entre mocinhos e bandidos. Aliás, nem há mocinhos.

Os agentes do FBI que caçam Dillinger não são exatamente modelos de virtude, a começar pelo diretor do órgão, J. E. Hoover (Billy Crudup, de “Watchmen- O Filme”), que passou à História por cultivar métodos nada ortodoxos de investigação, com escutas ilegais e brutalidade correndo à solta contra os suspeitos.

Baseada em livro-reportagem de Bryan Burrough, a trama ganha detalhes ficcionais no roteiro, assinado por Mann, Ronan Bennett e Ann Biderman. Assim, se a sucessão de fatos da vida de Dillinger corresponde à verdade, não faltam momentos em que a lenda predomina.

Apoiando-se no carisma e no humor peculiar de Johnny Depp, este Dillinger passa longe de um vilão de caricatura. Com um charme ambíguo, o ator carrega o peso do personagem, movido por sua ânsia de adrenalina e dólares roubados espetacularmente de bancos, à luz do dia, deixando não raro uma trilha de cadáveres.

Um bandido, sem dúvida, mas que não se esquecia de deixar para trás, ilesos, tanto os reféns que arrastava nas fugas como o dinheiro do bolso dos clientes que haviam entrado no banco na hora errada. Só queria mesmo o conteúdo dos cofres dos banqueiros, criando para si uma certa imagem de Robin Hood, que lhe valia não poucos admiradores – como demonstra uma cena em que ele é preso e aplaudido por uma multidão que segue sua passagem.

Parte dessa admiração popular vem de suas respostas espirituosas à imprensa e também de seus hábitos audaciosos – como circular pelas ruas e lugares públicos no intervalo entre suas ações. O filme captura essa ousadia em alguns momentos, sendo o mais cínico e divertido aquele que mostra o ladrão, caçado em todo o país, passeando disfarçado nas dependências de uma delegacia de Chicago, no setor dedicado à sua captura.

Esta rotina entre assaltos e fugas de prisões – o filme retrata diversas delas, como a eletrizante sequência inicial – é rompida, finalmente, pelo interesse romântico por Billie (Marion Cotillard, em seu primeiro papel depois do Oscar por “Piaf – Um Hino ao Amor”).
Por causa da moça, Dillinger corre alguns riscos, porque o braço direito de Hoover no FBI, o agente Melvin Purvis (Christian Bale, o Batman), não tarda a perceber e usá-la como isca.

Se não chega a formar com o bandido uma dupla à la Bonnie e Clyde (casal de ladrões que apavorou os EUA na mesma época e foi tema de filme homônimo de Arthur Penn em 1967), Billie tem presença magnética na tela, confirmando o talento da atriz francesa, que desempenha muito bem seus diálogos em inglês.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Fonte: Reuters