Documentário reconstitui título do Corinthians em 1977

Façanha quebrou um jejum de quase 23 anos sem levantar uma taça. Gol na final contra a Ponte foi de Basílio

Lula com a camiseta comemorativa aos 30 anos do título de 1977 (Foto: José Cruz/ABr)

São Paulo – Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir, Wladimir, Ruço, Basílio, Luciano, Vaguinho, Geraldão e Romeu. Essa era a composição da equipe corintiana que, no dia 13 de outubro de 1977, realizou uma façanha na história do Corinthians: quebrou um jejum de títulos de quase 23 anos, ao derrotar a Ponte Preta por 1 x 0 pelo Campeonato Paulista daquele ano.

E o maior super-heroi de todos, autor do gol salvador, foi o camisa 8 Basílio, até hoje reverenciado pela fiel torcida.

A história dessa heroica e dramática conquista por um dos mais populares times de futebol do país é mostrada no documentário “23 Anos em 7 Segundos”, dirigido por Di Moretti e Julio Xavier, que chega na sexta-feira aos cinemas de São Paulo. O filme é o primeiro de uma coleção de quatro títulos, que incluirá um filme sobre o centenário do clube, em 2010. O DVD será lançado no dia 23 de julho e os produtores estimam uma venda mínima de 100 mil unidades.


Com a colaboração do diretor de fotografia Walter Carvalho, que valorizou os depoimentos de personalidades, ex-dirigentes, ex-jogadores, jornalistas e simples torcedores, Di Moretti e Julio Xavier conseguiram tirar declarações emocionadas e bem-humoradas de seus personagens.

Outro feito da produção é o resgate de imagens de arquivo muito bem preservadas, que mostram cenas da capital paulista desde os anos 1950, por ocasião das comemorações do Quarto Centenário de fundação de São Paulo, até chegar a 1977. São impressionantes as imagens da fiel torcida na histórica “invasão” do Rio de Janeiro, em 1976, numa partida contra o Fluminense, com a presença de 70 mil torcedores alvi-negros nas arquibancadas do Maracanã.

Di Moretti, também autor do roteiro, conduz as entrevistas de forma discreta, deixando seus entrevistados à vontade – o compositor Toquinho, o publicitário Washington Olivetto, a ex-jogadora de basquete Hortência, Marlene Matheus (viúva do lendário e folclórico presidente do clube Vicente Matheus), os ex-jogadores Basílio, Vaguinho, Sócrates, Wladimir e, principalmente, Neto, um dos mais surpreendentes e divertidos.
“De todos os ex-jogadores, não existe quem ame mais o Corinthians do que eu”, disse Neto, emocionado.

Para quem não entende essa paixão derramada pelo clube, Hortência resume: “Não dá para explicar o que é ser corintiano. Se você não é corintiano não vai entender; se é, não precisa explicar”.

O enigmático título do filme, “23 Anos em 7 Segundos”, refere-se aos 7 segundos que a bola demorou para entrar no gol ponte-pretano, depois de um enervante bate-rebate na pequena área, aos 36 minutos do segundo tempo. Numa cobrança de falta, Zé Maria lançou a bola na área. Ela foi desviada de leve por Basílio, chutada no travessão por Vaguinho, cabeceada de volta por Wladimir, tirada também de cabeça pelo zagueiro Oscar e arrematada, finalmente, por Basílio no lado esquerdo do goleiro Carlos.

Ao longo do filme, a cena é repetida inúmeras vezes, de diversos ângulos, em velocidade normal e em câmera lenta, com a narração original de Osmar Santos, um dos pontos altos do documentário.

O filme flagra o carinho da torcida por seu heroi, Basílio, reconhecido nas ruas e nos estádios por torcedores que juram ter visto seu gol salvador ou por jovens que nem eram nascidos. Todos se aproximam, apertam sua mão e dão um tapinha em seu ombro. “Muito obrigado, Basílio”, agradecem com sinceridade, econômicos nas palavras, mas perdulários na emoção.

Fonte: Reuters

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