O poeta do compromisso, Mario Benedetti, morre aos 88 anos

O uruguaio ficou conhecido pela vasta obra de 80 livros e por poemas em homenagem a vítimas da ditadura militar

O poeta uruguaio Mario Benedetti morreu no domingo, 17, aos 88 anos, de falência múltipla dos órgãos depois de anos lutando contra uma donça intestinal crônica, em sua casa em Montevidéu. Opositor das ditaduras militares da década de 60 e 70 na América do Sul, especialmente no Uruguai e na Argentina, escreveu 80 livros, com destaque para poesia.

“São muitas as razões que nos levam à leitura de Benedetti”, sustenta o escritor português José Saramago. “Talvez a principal seja esta, precisamente: que o poeta se converteu em voz de seu próprio povo. Ou seja, em poeta universal.”

Entre as principais obras do escritor, destacam-se Poemas de la Oficina, sobre a rotina do trabalho, e o romance A Trégua. Incansável, produziu mais de um livro por ano e não deixou de escrever mesmo tomado pela doença. O jornal espanhol El País publicou alguns dos últimos poemas escritos por Benedetti.

Nascido em 14 de setembro de 1920, no norte do Uruguai, foi jornalista, funcionário público e vendedor. Amigo do líder político Zelmar Michelini, assassinado pela ditadura uruguaia, e participante do grupo de esquerda Movimiento 26 de Marzo, se exiliou no Peru e em Cuba até 1983. Durante o regime repressivo, produziu diversos poemas em homenagem a vítimas da repressão. Ganhou reconhecimento em diversos prêmios, cujos mais recentes foram o Ibero-americano José Martí (2001) e o Internacional Menéndez Pelayo (2005), além da amizade de diversos escritores.

 

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