Com bebidas incluídas, Senado aprova texto original da Lei Geral da Copa
Projeto seguirá para sanção da presidenta Dilma Rousseff
Publicado 09/05/2012 - 20h38
No comando dos trabalhos, Marta Suplicy elogiou discurso de Humberto Costa, que criticou o projeto (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
São Paulo – O Senado aprovou na noite de hoje (9), sem emendas, a Lei Geral da Copa (Projeto de Lei Complementar 10, de 2012). Foi o mesmo texto aprovado na Câmara. Com isso, o projeto segue para sanção presidencial. O item considerado mais polêmico, referente à liberação da venda de bebidas alcoólicas (cerveja, no caso), foi mantido. A votação em plenário foi acelerada após requerimento de urgência que dispensou a análise do texto em comissões temáticas – e coincidiu com a viagem do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, à Suíça, país onde está instalada a Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Parlamentares de oposição, e mesmo da base aliada, criticaram itens do projeto, que cria privilégios temporários à Fifa e suspende parte do Estatuto do Torcedor. Também não faltaram referências à crise entre o governo e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que chegou a afirmar que o Brasil deveria levar um “chute no traseiro” por causa do atraso nos preparativos para a Copa de 2014. Nos discursos, “traseiro” ganhou alguns sinônimos.
Os debates entre os senadores concentraram-se na liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios durante os jogos da Copa, medida que contraria o Estatuto do Torcedor. Humberto Costa (PT-PE) disse que a lei geral tem “coisas absurdas” e afirmou que só votaria por causa do compromisso assumido pelo governo com a Fifa). “Considero que essa exigência da Fifa (sobre bebidas) é absolutamente irracional”, afirmou, para acrescentar uma advertência: “Disso aqui não passarão”.
O parlamentar se referia à possibilidade de a liberação de bebidas se tornar permanente e não limitada à Copa. “Não vamos admitir que essa exceção possa se estender a outras competições”, assegurou Costa, dizendo que iria votar constrangido. Na direção da mesa, a 1ª vice da Casa, Marta Suplicy (PT-SP), chamou o discurso de “brilhante”. Rouca, chegou a perder a voz durante a sessão., sendo substituída por Ana Amélia (PP-RS).
Em seguida, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) contestou o colega. “Tenho receio de que essa frase (“Não passarão”) poderá ser desmentida pelos fatos brevemente. Onde passa boi, passa boiada”, reagiu.
Do mesmo partido do ministro Aldo Rebelo, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sustentou que a lei estabelece regras para um evento específico, “o mais importante evento esportivo do mundo”. “O Brasil não está fazendo nada diferente em relação à Copa do que qualquer outra nação já tenha feito.”
Membro da bancada da oposição, o senador Agripino Maia (DEM-RN) disse que votaria a favor da lei, mesmo enxergando risco de o país passar por um “vexame internacional” devido a problemas na organização. Mas disse que se empenhou para adiantar a votação por causa da presença de Aldo Rebelo na Suíça. “É importante que ele hoje anuncie que o Brasil, pelo seu Congresso, aprovou a Lei Geral da Copa.”
Magno Malta (PR-ES) fez comentários esportivos, ao afirmar que a seleção brasileira, hoje, só tem dois jogadores de fato: o zagueiro Dedé, do Vasco, e o atacante Neymar, do Santos. Com o time atual, previu, o time corre o risco de não passar da primeira fase. E condenou a liberação de bebidas. “O problema do país não é a cocaína ou o crack, é a bebida alcoólica. O Brasil é um país de bêbados”, declarou. “Futebol e cachaça não combinam”, emendou Paulo Bauer (PSDB-SC).