perigo de gol

Bola parada é uma das principais armas das seleções na Copa da Rússia

Dribles deram lugar a cobranças de escanteios e faltas para quebrar a marcação adversária; 43% dos gols do Mundial saíram de jogadas assim

Marcelo Machado de Melo/Fotoarena/Folhapress

Dos 70 gols de bola parada, 26 saíram de escanteio – o último foi o de Umtiti, contra a Bélgica, na semifinal

São Paulo – A Copa do Mundo da Rússia está em um “relacionamento sério” com as jogadas de bola parada. O gol de cabeça do zagueiro Umtiti, que garantiu a vitória da França sobre a Bélgica, nesta terça-feira (10), foi o 70º tento originado de um escanteio, lateral ou falta nesta competição. O número representa 43% dos 158 gols marcados nas 61 partidas até aqui.

Dos 70 gols originários de bola parada na competição, 26 saíram de escanteio. Outros 15 foram originados de um passe após cobrança de falta. Cinco gols surgiram finalizações em tiro livre. Além disso, a bola também estufou a rede 21 vezes em cobranças de pênalti e uma após rebote.

Dois gols foram feitos a partir de arremessos de laterais diretamente para dentro da área. Um foi do dinamarquês Matias Jorgensen, no empate da Dinamarca contra a Croácia por 1 a 1; o segundo foi contra, de Alvarez, do México, contra a Suécia, que terminou 3 a 0 para os suecos.

Antes, a marcação e os ferrolhos defensivos adversários eram quebrados pela habilidade ou algum improviso, agora, a bola na área e a jogadas ensaiadas são o “novo drible” do ataque. “Sabemos desde o primeiro momento que os esquemas táticos estão muito fechados. É isso que vamos ver nos jogos da primeira fase, as bolas paradas serão uma arma determinante”, analisou Aliou Cissé, técnico de Senegal, em uma coletiva de imprensa durante a fase de grupos.

Só de cabeça, a Rússia viu a bola balançar as redes 29 vezes, representando quase 20% dos gols do Mundial. Desse total, sete gols foram feitos nos quatro jogos das quartas de final e, cinco deles, com origem em lances de bola parada.

O Brasil foi uma das seleções vítimas da jogada que tem sido mortal. Dos apenas três gols sofridos na competição, dois foram cruzamentos de escanteio – o de Zuber, da Suíça, na estreia, e o gol contra de Fernandinho, que resultou na eliminação contra a Bélgica, nas quartas de final. O único gol feito pela Seleção, em bola parada, foi de Thiago Silva contra a Sérvia, após escanteio cobrado por Neymar, na vitória por 2 a 0.

O jornalista e analista de desempenho Renato Rodrigues, da ESPN Brasil, comentou o gol que deu a classificação à França para a final. Ele lembra que a disputa tática e técnica foi decidida em algo não tão coletivo. “Jogo equilibrado, muitas ideias e estratégias rolando e a bola parada aparece mais uma vez. Sem dúvidas é uma das marcas desta Copa do Mundo. O número de gols saindo deste momento do jogo é bem relevante”, publicou em seu Twitter.

A semifinalista Inglaterra, que enfrenta a Croácia, hoje (11), às 15h (de Brasília), chega à penúltima fase da Copa com 72% de seus gols originados de bola parada. Com os gols de Harry Maguire e Dele Alli diante da Suécia, no sábado (7), pelas quartas de final do Mundial, a equipe comandada pelo treinador Gareth Southgate alcançou seu 11º gol na Rússia.

O time britânico balançou as redes cinco vezes após aproveitar uma falta ou escanteio alçado na área (com Harry Kane e John Stones, duas vezes cada e Maguire). Os outros três foram feitos em cobranças de pênalti, por Kane, que já tem seis gols no Mundial.