TRAGÉDIA

Massacre de Suzano mostra ‘que precisamos de paz e não de mais armas’, diz Lula

'O absurdo estarrecedor é que, neste trágico dia, o Presidente da República tenha o desplante de anunciar uma lei propondo maior acesso a armas', escreveu Dilma Rousseff

Ricardo Stuckert

‘O Brasil precisa de paz’, disse Lula, em carta de solidariedade a alunos e trabalhadores da escola Raul Brasil, em Suzano

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou hoje (13) carta de solidariedade às vítimas da tragédia na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, que deixou dez pessoas mortas e outras nove feridas. 

Na manhã de hoje, dois ex-estudantes mataram oito pessoas e se mataram em seguida. Quatro estudantes, entre 15 e 17 anos, morreram no local. Um morreu a caminho do hospital; e duas estudantes morreram no hospital. Mais duas funcionárias da escola também morreram e um comerciante (tio de um dos atiradores), morreu antes da invasão à escola. A unidade abriga quase 1.100 alunos, a maioria no ensino médio.

“Que aqueles que incentivam a cultura do ódio e da violência entendam que não precisamos de mais armas para que massacres como o de Suzano não se tornem cotidianos em nosso país”, afirmou Lula na mensagem.

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Por meio de seu perfil em uma rede social, a presidenta deposta Dilma Rousseff  manifestou solidariedade aos familiares das vítimas e votos de forças para enfrentar o “momento mais doloroso de suas vidas” devido à tragédia que causa espanto, dor e revolta.

O absurdo estarrecedor é que, neste trágico dia em que assistimos à morte de 10 pessoas e o ferimento de outras 9, o Presidente da República tenha o desplante de anunciar uma lei propondo maior acesso a armas. O porte de armas irrestrito e amplamente liberado a toda população vai dar instrumento para que o assassinato massivo se torne endêmico e cotidiano.

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Culto às armas

A correlação entre o culto às armas e o ataque a tiros na escola também foi destaque da mensagem do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos. 

“É preciso dar um basta ao culto da violência, que apresenta armas como ‘ideal de força'”.

Investigações

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) informou que a bancada do seu partido na Câmara vai sugerir à presidência da casa legislativa a criação de uma comissão externa para acompanhar de perto as investigações do episódio.

Em entrevista à rádio Brasil de Fato, a presidenta licenciada do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, criticou a falta de um plano de prevenção à violência nas escolas. 

“Não há plano desse tipo. O lamentável é que a entidade sindical possui pesquisas que apontam atentados de alunos contra professores, entre os próprios alunos e a violência no entorno da escola. Esses dados já foram apresentados ao governo do estado para ter um plano de prevenção da violência nas escolas”, disse. 

Para manter a escola protegida, Bebel defende maior quadro de profissionais responsáveis pela segurança, que conheçam a comunidade escolar. Segundo a dirigente, durante a gestão de Mário Covas (1995-2001), esses profissionais foram cortados para enxugar custos. 

“Ele conhecia cada aluno, sabia quem entrava e saia. Se um pai queria saber se o seu filho tinha saído, por exemplo, ele ia até esse profissional. Esse profissional foi cortado e a escola ficou mais vulnerável. Hoje de que forma esses atiradores entraram?”, questiona a parlamentar.