São Paulo

Covas negou pedido urgente do Samu por nomeação de médicos na pandemia

Em documento, serviço de emergência alertou a Prefeitura de São Paulo sobre déficit de profissionais para atender a população

Nathalie Brasil/ Semcom
Nathalie Brasil/ Semcom
Prefeituras, que deveriam contribuir com no máximo 25% do custeio do Samu, contribuem com 50%

Brasil de Fato – Em meio à pandemia do coronavírus, Bruno Covas, prefeito de São Paulo, negou o pedido da Secretaria de Saúde para a contratação de 95 médicos. Trinta e sete desses profissionais atenderiam a uma solicitação urgente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A decisão foi tomada no último dia 12 de dezembro, em reunião da Junta Orçamentário-Financeiro, da Secretaria Municipal da Fazenda.

No dia 6 de fevereiro deste ano, o Samu enviou um pedido à prefeitura com a solicitação de contratação de médicos. Esse pedido é assinado pela coordenadora do Samu, Maísa Ferreira dos Santos. No documento, a servidora alerta que o órgão recebe certa de 5 mil ligações diárias, que geram mil ocorrências.

“Tendo em vista o déficit de 68 profissionais Analista de Saúde-Médico na Central de Regulação Médica e nas Unidades Móveis (ambulâncias) de Suporte Avançado, e como ainda temos a lista de espera de candidatos médicos aprovados em concurso homologado em 03.06.2016 e que se encontra em vigência até 02.06.2020, o Samu 192 SP solicita a nomeação de médicos, com a maior brevidade possível, para compor o quadro pessoal e assim atender as legislações supracitadas e as necessidades da população”, aponta Santos.

Há 37 médicos aprovados no edital citado pela coordenadora do Samu, de 3 de junho de 2016. Por conta disso, a solicitação passa a ser pela contratação de todos os profissionais e não de 68, déficit do Samu.

Urgência

Mais tarde, em 13 de fevereiro, o secretário de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido enviou um ofício à Secretaria Municipal de Gestão da prefeitura paulistana. Ele reforça a urgência do pedido e alerta o governo de que o concurso poderia expirar. 

“Solicito dar prosseguimento ao pedido de autorização de nomeação de 37 (trinta e sete) candidatos aprovados no concurso público de Analista de Saúde Médico – Generalista Rede de Atenção a Urgência e Emergência…Por se tratar de proposição de nítido interesse público, enfatizo o pedido de urgência na tramitação do presente, dadas as necessidades expressas destes profissionais e a iminente vigência do certame em 02 de junho de 2020”, afirma Aparecido no documento.

O impacto financeiro da nomeação dos 37 médicos do Samu chegou a ser analisado pela Divisão de Planejamento de Pessoal da Prefeitura de São Paulo. Em 11 de fevereiro a divisão divulgou que o governo paulistano desembolsaria R$ 12,4 milhões, entre 2020 e 2022. Por fim, o órgão recomenda a contratação do efetivo em maio deste ano.

Além dos 37 médicos solicitados pelo Samu, a Secretaria de Saúde pediu a contratação de mais 58 profissionais de saúde. Sendo 30 obstetras e 8 pediatras. Os processos estão sob sigilo no sistema da prefeitura. Por isso, não é possível saber para onde seriam nomeados.

No dia 11 de março deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia do novo coronavírus por conta do avanço do número de casos em todo o mundo. Na cidade de São Paulo, já foram registrados 478 mil casos de covid-19 e 15 mil óbitos pela doença. Os dados são do boletim diário da Secretaria Municipal de Saúde.

Outro lado

Brasil de Fato procurou a prefeitura de São Paulo, que não respondeu até o fechamento desta matéria. A reportagem questionou o governo paulistano sobre a nomeação dos concursados e sobre a necessidade de reforçar o Samu durante o período da pandemia de coronavírus.


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