São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou hoje (22) que será concluído dentro de um ano o trâmite burocrático para a desapropriação de um terreno no Jardim Iguatemi, zona Leste da cidade, alvo de uma ação de reintegração de posse violenta no dia 26 de março. As obras do Minha Casa, Minha Vida só poderão ter início depois disso na área de 133 mil metros quadrados, apelidada pelos próprios moradores como Pinheirinho 2, referência ao bairro de São José dos Campos, no interior paulista, que sofreu com a violência da Polícia Militar no começo de 2012.

Segundo a Secretaria de Habitação, 560 famílias foram cadastradas após o episódio, quando o prefeito interveio, telefonando ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) para pedir que os policiais dessem fim à repressão. No dia seguinte, o Diário Oficial do Município trouxe a publicação do decreto que declarou o terreno de interesse social, primeiro passo para a regularização da área. Agora, o decreto de desapropriação prevê que a área fique “congelada” por um ano, ou seja, sem que possam entrar novas famílias e sem que as pessoas que estão ali possam ser removidas. 

Haddad informou durante a visita que pretende desapropriar 30 mil lotes ainda este ano para garantir os investimentos em moradias necessários para construir as 55 mil unidades habitacionais que pretende concluir até 2016. “Pretendo desapropriar 30 mil lotes na cidade toda ao custo de R$ 300 milhões para fazer unidades habitacionais para famílias de baixa renda.”

A respeito do chamado Pinheirinho 2, o secretário de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, esclareceu que durante o trâmite burocrático o poder público não pode realizar obras no local, mas serão encaminhados pedidos para que haja fornecimento de serviços básicos à população, como água e energia elétrica.

Segundo Marques, a previsão é de realizar na área do Pinheirinho 2 um conjunto habitacional com 1,2 mil unidades, que atenderá as famílias cadastradas que já ocupam o local e outras famílias que estão na base de dados da prefeitura.

“A vinda do prefeito aqui hoje é muito positiva porque demonstra que ele está dando encaminhamento e que está preocupado em dar segurança para os moradores”, disse o vice-presidente da Associação dos Moradores do Pinheirinho 2,  Luciano Santos.

Para a aposentada Feliciana Maria Pereira, que mora há um ano no Pinheirinho 2, a situação atual é de tranquilidade e relativa segurança, mas no dia 26 de março ela estava prestes a deixar a casa onde mora há um ano. “Quando a tropa de choque chegou, atirando com bala de borracha e jogando gás e spray de pimenta nas pessoas, eu me escondi no meio do mato, fora do terreno, e só pensava em pegar meus meus cacarecos e ir embora daqui”, disse.