Alckmin pede reforço a Haddad no atendimento a dependentes de crack

Segundo o prefeito, demanda só foi apresentada hoje. Caps seriam 'portas de entrada' e leitos estaduais ficariam na 'retaguarda'

Alckmin e Haddad avançam: parcerias semelhantes já estariam ocorrendo em cidades do interior paulista (Foto: Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress)

São Paulo –  O governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediu hoje (4), durante reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT), no Palácio dos Bandeirantes, que a prefeitura de São Paulo colabore com as medidas de atendimento a dependentes de crack. “Recebi a demanda e vou levar para o Filippi (secretário de Saúde, José de Filippi Jr.), mas já com a recomendação que se estabeleça a parceira nos moldes do que vem acontecendo no interior. Esse é o tipo de parceria que nos interessa”, afirmou o prefeito ao lado do governador. 

Um ano depois da operação “Dor e Sofrimento”,  em que policiais começaram a espalhar dependentes químicos da região do centro da capital conhecida como cracolândia, Alckmin lançou em janeiro um programa para facilitar as internações sem o consentimento familiar ou do próprio dependente. Um plantão judiciário composto por juízes, defensores públicos e promotores públicos foi instalado no Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no Bom Retiro. Até agora não houve nenhuma internação compulsória, mas a procura de pessoas em busca de tratamento para familiares e de dependentes querendo se internar se multiplicou no local.

A proposta de Alckmin para Haddad é que os Centros de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD) se tornem a “porta de entrada” para os dependentes e que os leitos de “retaguarda” fiquem com o governo estadual. “Os secretários de saúde vão, a partir de hoje, se entender em uma mesma direção e fazer uma sintonia fina do trabalho da prefeitura e os leitos de retaguarda que o governo estadual está proporcionando para várias cidades do interior e também para a capital”, afirmou o governador.

O modelo ainda não detalhado poderia atender às reivindicações de quem defende que o atendimento eficiente aos dependentes tem de ser descentralizado na cidade e não restrito ao Cratod. São Paulo conta com 79 unidades de Caps. Mas muitos dos que procuram o Cratod se queixam de não terem conseguido vaga para internação em nenhum dos Caps, especializados em atendimento ambulatorial e acompanhamento terapêutico.

A prefeitura diz que muitas pessoas que procuram o Caps querem internar alguém, mesmo quando elas não têm indicação para esse tipo de tratamento, que é restrito a casos extremos.