Delegados de São Paulo realizam campanha por valorização profissional

São Paulo – A Associação de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) iniciou, na última segunda-feira (14), uma campanha pela valorização dos trabalhadores do setor. As ações […]

São Paulo – A Associação de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) iniciou, na última segunda-feira (14), uma campanha pela valorização dos trabalhadores do setor. As ações pretendem levar ao conhecimento da sociedade a situação de trabalho dos delegados paulistas, que hoje recebem um dos piores salários do país, além de expor a falta de investimento e de estrutura colocados à disposição do governo do estado. Segundo a associação, a cada dez dias um delegado deixa a carreira no estado, buscando outras localidades ou mudando de profissão. Segundo a entidade, em dezembro, de 200 delegados que começaram a trabalhar 25 deixaram a função após dez dias.

As ações foram iniciadas com atividades de panfletagem e anúncios em veículos de comunicação e transporte público. No entanto, segundo a assessoria da entidade, as redes de televisão aberta não aceitaram transmitir um vídeo produzido por ela, ficando a ação restrita aos anúncios impressos. Outra atividade da campanha é a operação vigília, em que delegados visitam estabelecimentos, como bares e restaurantes, durante a noite, para conversar com frequentadores sobre segurança pública e expor a situação dos delegados.

De acordo com a presidente da Adpesp, Marilda Pansonato, a situação de precariedade no trabalho dos delegados colabora para o aumento da insegurança. “Temos uma preocupação especial com a segurança da população. Estamos vivendo um momento bastante conturbado e a desvalorização dos profissionais contribui para tornar a situação mais complicada. Somos responsáveis pela inteligência e pelas investigações, que levam a punição dos criminosos. Se não podemos trabalhar de forma adequada, isso leva a um aumento da impunidade, que afeta toda a segurança pública”, explica Marilda.

Dentre os problemas apontados pela associação está a falta de investimento do governo de São Paulo no setor, que inclusive reduziu a proposta orçamentária para inteligência policial em 2013, conforme mostra reportagem da RBA. Além disso, haveriam poucos delegados para realizar investigações no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os quais ainda devem trabalhar em delegacias comuns, e às vezes em mais de um distrito policial.

A assessoria da entidade informa também que o problema de os delegados deixarem o serviço, em São Paulo, consome dinheiro público desnecessariamente. O custo de formação de um delegado é de aproximadamente R$ 100 mil reais, calcula a associação. Porém, após concluir o curso e tomar posse, o profissional se frustra com a falta de estrutura e o baixo salário e presta concurso para trabalhar em outro estado. Os delegados preparam outras ações que serão realizadas no decorrer da campanha, mas não foram dados detalhes de quais seriam.