Desabrigados voltam a ocupar barracos sob viaduto em São Paulo

Kassab afirmou ontem que todas as favelas instaladas sob viadutos serão desocupadas até dezembro; em favela da Vila Prudente barracos voltaram a ser ocupados hoje por falta de apoio da prefeitura

São Paulo – Desabrigados do incêndio ocorrido em 23 de agosto em uma favela na Vila Prudente, zona leste de São Paulo, voltaram hoje (19) a ocupar pelo menos três barracos embaixo do Viaduto Pacheco Chaves, um dia depois de o prefeito Gilberto Kassab (PSD) ter afirmado que removerá todas as favelas sob viadutos da cidade. Moradores afirmaram que não tiveram escolha, pois até agora a prefeitura não ofereceu auxílio algum.

A Secretaria de Comunicação da prefeitura informou em nota que as famílias receberão aluguel emergencial por sete meses. “No momento, estão sendo cruzados os dados da Secretaria Municipal de Assistência Social, da Secretaria Municipal de Habitação e da Unidade Básica de Saúde. Há moradias que ainda estão sendo analisadas quanto à segurança estrutural.”

Francisco Miranda, líder comunitário da Favela do Moinho, no Bom Retiro, na região central, cujas moradias localizadas sob o viaduto Orlando Murgel foram destruídas na segunda-feira (17), disse que a orientação de desocupar a área já havia sido recebida antes do incêndio. “O prazo era até outubro. Fica a dúvida de por que o incêndio ocorreu tão perto da data limite para desocupação.” Foi o quinto incêndio ocorrido na Favela do Moinho.

Miranda disse que a maior parte dos moradores que viviam embaixo do viaduto foi orientada pela associação de moradores a procurar a prefeitura para requisitar aluguel social para custear outra moradia.

A medida anunciada ontem por Kassab, a pouco mais de três meses de deixar o governo, será aplicada também para escolas de samba, cooperativas e demais ocupações sob viadutos. Para o coordenador da União Nacional dos Movimentos de Moradia, Benedito Roberto Barbosa, “será o caos” se a decisão for aplicada à risca. “É uma irresponsabilidade fazer essa afirmação. Me parece uma declaração factual mediante uma denúncia. A prefeitura tem mais de 20 mil pessoas recebendo aluguel social. Acredito que não haja condição de expandir esse número”, afirmou.