Ataques a bancos crescem 50,48% em um ano

Ocorrências passaram de 838 no primeiro semestre de 2011 para 1.261 de janeiro a junho deste ano

São Paulo – A 3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e pela Contraf-CUT, divulgada hoje (20), em Curitiba, mostra que os ataques a bancos cresceram 50,48% no primeiro semestre deste ano com a marca de 1.261 ocorrências em todo o país: média diária de 6,92. Desses, 377 assaltos, implicando sequestro de bancários e vigilantes, consumados ou não, e 884 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. De janeiro a junho de 2011, foram registrados 838 casos, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos. No segundo semestre do ano passado houve 753 ataques: 331 assaltos e 422 arrombamentos. O estado de São Paulo lidera o ranking, com 289 ocorrências, seguido por Minas Gerais, com 165; Santa Catarina, com 126; Paraná, com 109, e Bahia, com 91. 

De acordo com nota divulgada pela Contraf-CUT, o presidente da CNTV, José Boaventura Santos, afirmou que essa radiografia é resultado de um esforço conjunto das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, com a finalidade de revelar dados concretos sobre a violência nos bancos, “que tanto assusta os trabalhadores e a população, e buscar soluções para proteger a vida das pessoas”. Para ele, são dados importantes para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, “bem como para a construção do projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em andamento no Ministério da Justiça”.

Para o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, esses dados mostram a necessidade de medidas preventivas contra assaltos e sequestros, pois esses “deixaram um rastro de mortes, feridos e traumatizados”. Ele disse que o tema deve estar na mesa de negociação que ocorre amanhã, em São Paulo, entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Investimentos 

Estudo feito pelo Dieese com base nos balanços publicados do primeiro semestre mostrou que os cinco maiores bancos lucraram R$ 24,6 bilhões e aplicaram R$ 1,5 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 6,05% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança. Para Ademir, esse dado desmascara tecnicamente o truque da segurança. “Os bancos dizem que estão preocupados com a segurança, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos.”

A Contraf-CUT afirma, em nota, que os números superam a estatística nacional da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, consumados ou não, que apurou 200 ataques ante os 377 da pesquisa dos bancários e vigilantes.

“A Febraban deveria refazer as contas, pois é uma diferença considerável. Pode ser que ainda existam agências e postos que não providenciam a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia”, disse o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão. “Nós reivindicamos na Campanha Nacional dos Bancários que cópia do BO seja enviada para a Cipa, o sindicato local e a Contraf-CUT.”

Estudo

A nota da Contraf-CUt explica que o estudo contou com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de secretarias de Segurança Pública (SSP) e os levantamentos de sindicatos e federações de vigilantes e bancários. O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, da Federação dos Vigilantes do Paraná e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR). Para os dirigentes, o número de casos poderia ter sido ainda maior devido à dificuldade de levantar informações em alguns estados e pelo fato de que nem todas as ocorrências são divulgadas pela imprensa.