Defensoria apresenta ação contra prefeitura de São Paulo por perseguição de ambulantes

São Paulo – A Defensoria Pública de São Paulo e o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos entraram com uma ação civil pública contra a prefeitura de São Paulo devido […]

São Paulo – A Defensoria Pública de São Paulo e o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos entraram com uma ação civil pública contra a prefeitura de São Paulo devido à perseguição contra os vendedores ambulantes na capital paulista. 

A medida é adotada depois que a administração de Gilberto Kassab (PSD) decidiu cancelar as licenças de 470 trabalhadores que atuam no centro da capital, de 512 que vendiam nas ruas de Pinheiros e Lapa, na zona oeste, e de São Miguel Paulista, na zona leste, além de 350 na região do Brás.

Para o defensor público Bruno Miragaia, todos os procedimentos administrativos e portarias que levaram às revogações dos termos de permissão de uso (TPUs) devem ser anulados pela Justiça, “por violação aos direitos de contraditório e ampla defesa, razoabilidade, gestão democrática da cidade”. Na ação, com pedido de liminar, os advogados cobram da prefeitura a concessão de licença a todos os ambulantes que atendam aos requisitos legais pré-estabelecidos, além da reversão da cassação das autorizações já concedidas.  

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“A simples revogação de todos os TPUs de comerciantes de rua regularizados na Capital irá gerar grandes problemas. Não apenas para as pessoas carentes que se dedicam a esse trabalho há décadas – como idosos e deficientes físicos -, mas também pela falta de planejamento ou oferecimento de soluções em prazos razoáveis. Para que o poder público promova uma medida dessa extensão e gravidade, deve haver um planejamento, feito através de diálogo. Em caso contrário, haverá uma explosão do comércio informal e da situação de miséria na cidade”, afirma Bruno em nota emitida pela defensoria.

Juliana Avanci, advogada do centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, explica em entrevista à Rádio Brasil Atual que a ação visa a combater a arbitrariedade da prefeitura contra os trabalhadores. “É uma ação articulada entre os trabalhadores e o Centro Gaspar Garcia. Procuramos a defensoria para ver como poderíamos nos contrapor à política da prefeitura, que tem sido arbitrária em relação aos trabalhadores ambulantes.”

A advogada lamenta a perseguição das forças de segurança locais contra os trabalhadores, seguida da falta de diálogo com aqueles que têm a licença cassada, impedidos de apresentar a defesa. Juliana Avanci considera que a prefeitura tem forjado situações para poder cassar as licenças desses trabalhadores, favorecendo a especulação imobiliária em um momento no qual o mercado de venda de casas e apartamentos está aquecido. “Anteriormente, o que era alegado era que os trabalhadores estavam em falta com alguns tributos municipais. Quando todos conseguiram se regularizar, a prefeitura lança argumentos que beiram o absurdo. No momento em que o trabalhador vai ao banheiro, tem a licença cassada mesmo com o fiscal sabendo que ele teve de se ausentar durante alguns momentos. Quem precisa de atendimento médico, isso não é visto pela prefeitura, que acha que o ambulante é funcionário dela e precisa cumprir o horário dela”

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