Assassinato de jornalista maranhense acende discussão sobre impunidade

Entidades representantes da categoria criticam a falta de apuração de casos similares e recorrentes em todo o país; governadora Roseana Sarney disse que seu governo vai se empenhar na prisão dos assassinos

São Paulo – O jornalista e blogueiro Décio Sá foi morto na noite de ontem (23), em um bar da avenida Litorânea, em São Luiz (MA), com seis tiros a queima-roupa. A Secretaria de Estadual de Segurança Pública informou, com base em levantamento da Polícia Federal, que o repórter de O Estado do Maranhão estava sozinho no local quando dois homens teriam chegado em uma moto. Um deles teria entrado no estabelecimento e ido ao banheiro. Ao retornar, teria disparado os tiros pelas costas. Dois atingiram as costas e quatro, a cabeça. Sá morreu no local.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão, Leonardo Monteiro, esse fato deve ser somado aos casos de impunidade que ocorrem em todo o país. “O Brasil possui uma legislação penal muito fraca. Aqui, desde o cidadão que furta uma galinha até aquele que mata um ser humano são julgados da mesma maneira. Isso é um absurdo e precisa ser revisto”, disse. O sindicato informou que pretende acompanhar a apuração policial.

Além de repórter de O Estado do Maranhão, Décio Sá mantinha um blog autoral. Segundo Monteiro, o blogueiro abordava questões que incomodam poderosos. Nas últimas matérias do “Blog do Décio” encontram-se posts sobre partidos políticos, julgamentos, ação de pistoleiros e prisões de assessores do Tribunal da Justiça, inclusive com fotos. 

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, disse que é inadmissível que a profissão continue exposta a tantos riscos, principalmente os que levam à morte. Para ele, em crimes dessa natureza há necessidade de acompanhamento da Polícia Federal, em respeito à autonomia dos estados. “A impunidade e a falta de esclarecimento de casos como este tem permitido a sua repetição em diferentes pontos do país.”

Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, o aumento desses crimes, qualquer que sejam eles, indica certa liberalidade para que continuem ocorrendo. “A não averiguação, o não julgamento e processos policiais incompletos ou mal feitos acabam conduzindo para a impunidade. Temos de reagir.”

Em nota, a governadora maranhense Roseana Sarney (PMDB) se disse chocada com a ação “bárbara e cruel”. Ela afirmou que seu governo está tomando todas as atitudes para garantir a prisão dos assassinos. 

 

Leia também

Últimas notícias