ABC suspende a restrição de caminhões

Momento econômico desfavorável foi uma das justificativas do Consórcio Intermunicipal (Foto: Andris Bovo) São Bernardo do Campo – Após adiar o prazo duas vezes, fazer exceções no percurso e reduzir […]

Momento econômico desfavorável foi uma das justificativas do Consórcio Intermunicipal (Foto: Andris Bovo)

São Bernardo do Campo – Após adiar o prazo duas vezes, fazer exceções no percurso e reduzir o horário de restrição em uma hora e meia, o GT (Grupo de Trabalho) de Mobilidade do Consórcio Intermunicipal, entidade que reúne os sete prefeitos da região do ABC, recuou e desistiu, nesta segunda-feira (02/04), da restrição de circulação de caminhões por tempo indeterminado. A restrição, prevista inicialmente para dezembro e depois para março, começaria no domingo (8) nas principais ruas da região.

Na justificativa, o presidente do Consórcio Intermunicipal e prefeito de Diadema, Mário Reali, explicou que o momento econômico não é favorável para a restrição e que qualquer decisão nesse sentido poderia prejudicar o setor industrial e o desenvolvimento econômico. “Os números do primeiro trimestre mostraram que o setor industrial sofreu impacto importante. Estamos preocupados e atentos a isso.”

A medida gerava preocupação das empresas. Entre os argumentos contrários à ação estava o aumento do custo do frete, devido ao horário diferenciado em que os profissionais teriam de atuar e o abalo da competitividade dos empreendimentos regionais. Na avaliação de especialistas, a restrição também não era bem vista, uma vez que o projeto é uma solução a curto prazo e provocaria um novo horário de pico, com o deslocamento dos caminhoneiros nos horários da tarde e noite.

A partir da decisão, a ideia do Consórcio é manter um diálogo com o setor industrial e os sindicatos para encontrar medidas de consenso com o setor. De acordo com Reali, durante as reuniões com as empresas, o setor se mostrou interessado em integrar o GT de Mobilidade e participar mais da discussão sobre o assunto. “Eles se propuseram a reduzir, de maneira voluntária, o volume de caminhões nos horários de pico, mesmo sem a fiscalização”, disse.

Apesar do comprometimento das empresas em reduzir, por conta própria, a quantidade de carretas nos horários de pico, Reali não descarta a possibilidade de a medida voltar a ser obrigatória, caso a discussão entre Consórcio, empresas e sindicato não renda bons frutos. “O que estamos propondo é uma trégua para fazer algo mais consensual. Mas isso não quer dizer que o decreto não seja feito. Até porque a proposta está pronta”, disse.

Reali assegurou que levará o assunto para o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano, que reúne representantes dos 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. “Nosso principal problema é o tráfego de cargas de passagem trazido ao ABC devido à restrição na capital. Já estive falando com o prefeito Gilberto Kassab sobre o assunto e temos de pensar em uma solução”, disse.

A restrição de caminhões teve início na capital em setembro de 2010, e englobava apenas a marginal Pinheiros e a avenida Bandeirantes. Em 5 de março passado, o prefeito Gilberto Kassab ampliou a medida para a marginal Tietê. O problema é que, mesmo após a restrição, dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) revelam que, na média, os congestionamentos aumentaram 5,8% no período da manhã.

Para especialistas, a ineficácia da ação pode ser explicada pelo aumento da quantidade de automóveis. Antes, devido aos congestionamentos, as vias eram evitadas pelos carros pequenos, mas com a restrição de caminhões passam a ser ocupadas pelos automóveis. Em suma, tira-se um caminhão e entram seis carros no lugar, o que piora ainda mais o trânsito.

Reali pediu ontem que o GT Mobilidade acelerasse a pesquisa de opinião pública sobre a implantação do rodízio de veículos do ABC. Se a ideia for aprovada pela população, a medida terá início nos sete municípios até o final deste ano.

“Com o caos diário no trânsito, a população do ABC clama por medidas urgentes”, destacou Reali. Apesar de viável, do ponto de vista técnico, o presidente no Consórcio não esconde que a medida possui um período curto de validade, porque muitas pessoas compram um segundo veículo para ter opção de circular. “Assim como aconteceu na capital, no começo, o impacto no tráfego será grande, mas depois, com a compra do segundo veículo, a medida perde força”, disse.

Para realizar a pesquisa, o Consórcio contratará um instituto por meio de processo licitatório e investirá cerca de R$ 100 mil. Pelos cálculos, entre a licitação e a pesquisa, o processo levará cerca de cinco meses para ser concluído. “Se a população aprovar, a medida será implantada ainda este ano”, assegurou Reali. O presidente do Consórcio segue otimista quanto à aprovação popular. “Uma pesquisa realizada há 12 anos avaliava de maneira positiva o rodízio na  região”, disse.

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