Rio avança, mas mantém extremos de situação social, mostra Ipea

Indicadores de pobreza recuam, mas ainda há mais de 350 mil pessoas vivendo com R$ 2 por dia

Rio de Janeiro – Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o estado do Rio ainda convive com indicadores extremos, apesar de registrar avanços no campo social, por exemplo. Ao mesmo tempo em que possui a terceira melhor renda domiciliar per capita do país, bem acima da média nacional, também abriga uma multidão de pessoas vivendo na linha da extrema pobreza.

O estudo Situação Social nos Estados foi apresentado na terça-feira (14) pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, e trouxe uma série de dados consolidados sobre o Rio, a maior parte obtida a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE).

Os dados compreendem o período entre os anos de 2001 e 2009, intervalo que registrou crescimento na renda domiciliar per capita no estado de R$ 698 para R$ 835, enquanto no país o aumento foi de R$ 511 para R$ 631.

No período de nove anos, o aumento ajudou a reduzir em 45% o número de pessoas vivendo com menos de R$ 70 mensais, ou cerca de R$ 2 por dia, limite estabelecido pelo governo federal para delimitar a linha da extrema pobreza. Em 2001, 4% da população fluminense estava em situação de extrema pobreza, número que caiu para 2,2% em 2009, o que significa que, apesar da melhora expressiva, 351 mil pessoas ainda sobrevivem com apenas R$ 2 por dia no estado, que possui 15,9 milhões de habitantes.

“De maneira geral, os indicadores sociais melhoraram, ainda que não no mesmo sentido verificado no Brasil. Ao mesmo tempo, se percebem especificidades no Rio, um estado rico, mas que não vem apresentando a mesma queda na redução das desigualdades que se observa no país”, avaliou Pochmann.

Outro item abordado no estudo do Ipea foi a questão demográfica. A taxa de fecundidade no estado do Rio é uma das menores do país e vem caindo a cada ano. Em 2001 era registrado 1,92 filho por mulher, número que passou para 1,70 em 2009. No mesmo período, o Brasil registrava 2,22 filhos por mulher, em 2001, e 1,9 em 2007. Pochmann ressaltou que a taxa de reposição populacional, para que haja apenas estabilidade no número de habitantes, é de 2,1 filhos por mulher. Abaixo disso, registra-se redução. Segundo ele, se a tendência persistir, por volta do ano de 2025 o Rio estará regredindo na quantidade populacional.

“O Rio está chegando a um determinado momento em que sua população não vai crescer mais em termos absolutos. Pode inclusive regredir.” Os dados completos da pesquisa – que também abordou aspectos como previdência, educação, saneamento, habitação e cultura – podem ser encontrados no link do estudo na página do Ipea.

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