PM de São Paulo usa bombas e detém 70 estudantes para desocupar reitoria da USP

Policiais com submetralhadora indica disposição ao confronto

Estudantes flagraram membros do batalhão de choque com submetralhadora (Foto: Vitor Mortala)

São Paulo – Na madrugada desta terça-feira (8), 70 estudantes foram presos na ação da Polícia Militar (PM) de São Paulo para desocupar o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP). A medida foi adotada em cumprimento a uma decisão judicial de reintegração de posse, mas os policiais empregaram bombas de efeito moral e armamento pesado, incluindo uma submetralhadora. Não houve registro de incidentes ou confronto.

A Rádio Brasil Atual esteve no local e testemunhou excessos da polícia, incluindo o disparo de bombas de efeito moral contra o Conjunto Residencial da USP (Crusp), aparentemente com a intenção de evitar a adesão de mais estudantes. Um grupo tensionava se deslocar até a reitoria em solidariedade.

Às 5h20, 400 policiais do Batalhão de Choque atuaram para retirar 150 estudantes que estavam no local. Os 70 detidos teriam resistido a sair de uma das salas do prédio. Segundo a assessoria de imprensa da PM, a ordem judicial foi cumprida e o policiamento será mantido no campus da universidade, na zona oeste da capital paulistana.

A ocupação da Reitoria foi iniciada no dia 1º, após protestos de estudantes contra a presença da Polícia Militar no campus. O estopim das manifestações foi a prisão de um grupo de estudantes flagrados com drogas, segundo a PM. Questões de segurança após a morte de um aluno em uma tentativa de assalto foram a justificativa da direção da universidade para a presença da força de segurança. Há, no entanto, relatos de tentativas de intimidação de estudantes, pela PM.

Apesar de a decisão da juíza Ana Paula Bandeira Lins determinar a desocupação até as 23h de segunda-feira (7), uma assembleia de estudantes concluída minutos antes do prazo terminou com a opção por manter o acampamento no local. Os universitários ainda demandavam garantias da USP de que não haverá processo administrativo contra os integrantes do movimento.

Membro do Batalhão de Choque da PM com submetralhadora (Foto: Diogo Geo)

A direção da universidade indica que serão abertos esses processos por eventual depredação do patrimônio da instituição. A administração da USP afirma que aceita incluir representantes dos alunos na discussão sobre “aperfeiçoamento” do convênio com a Polícia Militar.

Segundo os estudantes, os termos são insuficientes e pouco avançaram em relação ao proposto na negociação de sábado (12). O único ponto novo, de acordo com ele, é a promessa de que haveria processo administrativo apenas por depredação do patrimônio, e não contra todos os participantes.

Com informações da Agência Brasil