Serviços de água e esgoto melhoram, mas não superam desigualdades regionais

Segundo o IBGE, apenas 55% dos municípios brasileiros têm rede coletora de esgoto, chegando a 95% no Sudeste e a 13% no Norte

São Paulo – Os serviços de saneamento mostraram avanços no país em oito anos, no período de 2000 a 2008, mas ainda refletem as desigualdades regionais, constata estudo (Atlas Saneamento 2011) divulgado nesta quarta-feira (19) pelo IBGE. A rede geral de distribuição de água abrange quase a totalidade dos municípios (99,4%), mas a rede coletora chega a apenas 55%, permanecendo abaixo de 50% em quatro das cinco regiões – a exceção é o Sudeste – e atingindo somente 13% no Norte do país.

“Apesar do crescimento que tem ocorrido na rede, apesar dessa expansão dos serviços, persistem as desigualdades estaduais, regionais, municipais e de domicílios, na distribuição especial dos serviços no país”, diz a gerente de Coordenação de Geografia do instituto, Adma de Figueiredo. Para ela, a melhoria dessa atividade tem uma dupla face: a expansão do saneamento pode ser vista como um resgate de uma dívida social que vem do século 19, além de proporcionar oportunidades de criação de emprego “e, principalmente, de acesso à cidadania”.

“A comparação entre o número de municípios com rede coletora de esgoto mostra que, apesar dos avanços constatados entre 2000 e 2008, é nesse tipo de serviço que o Brasil tinha seu maior desafio, pois o esgotamento sanitário era o serviço que apresentava a menor abrangência municipal, atingindo um percentual de 55,2% para todo o país em 2008. Apesar da menor abrangência, em especial nos municípios com menos de 50 mil habitantes, houve aumento na proporção de domicílios com acesso à rede de esgoto, que passou de 33,5%, em 2000, para 45,7%, em 2008”, diz o instituto. Em 2008, a coleta de esgoto atingia 52% dos municípios brasileiros, chegando a 55% oito anos depois. Com grandes diferenças entre as regiões: 95% no Sudeste, 46% no Nordeste, 40% no Sul, 28% no Centro-Oeste e 13% no Norte.

Os números são bem mais favoráveis em relação à rede de distribuição de água, com todas as regiões próximas de 100%. No Sudeste, a distribuição atinge todos os municípios.

Já o percentual de municípios brasileiros que fazem coleta seletiva praticamente dobrou no período, passando de 8,2% (2000) para 17,9% (2008). “Apesar do avanço, o percentual ainda é baixo, sendo que, entre os municípios que ofereciam o serviço, apenas 38% o faziam em todo o município. Além disso, eram grandes as disparidades regionais, estando este serviço concentrado nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, que alcançavam um percentual acima dos 40%, enquanto nas demais regiões este percentual não chegava a 10%”, informou o instituto.

Para a gerente do IBGE, o Brasil vive o desafios não só de superar deficiências históricas, “mas ao mesmo tempo a oportunidade de um novo projeto civilizatório”.

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