Brasileiro produz por ano meia tonelada de resíduos de construção civil

São Paulo – De pequenas reformas domiciliares a grandes obras, cada brasileiro produz por ano cerca de meia tonelada de resíduo de construção civil, aponta o presidente do Instituto Nova […]

São Paulo – De pequenas reformas domiciliares a grandes obras, cada brasileiro produz por ano cerca de meia tonelada de resíduo de construção civil, aponta o presidente do Instituto Nova Ágora de Cidadania (Inac), Carlos de Matos Leal. Ainda distante da cultura de reciclagem desse tipo de resíduos sólidos, os materiais terminam espalhados pelas cidades, entopem bueiros, causam assoreamento e envenenamento dos rios e inclusive enchentes, menciona Leal. “Esse material inerte é volumoso e ocupa os aterros ad eternum”, afirmou o especialista durante seminário sobre resíduos sólidos da construção civil e demolições, realizado pela entidade na segunda-feira (17), na capital paulista.

Hewerton Bartoli, vice-presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), estima que o Brasil desperdiça cerca de R$ 8 bilhões ao ano por não reciclar materiais de construção. Para se ter uma ideia do tamanho do desperdício, os resíduos de construção civil e demolições são responsáveis por 60% de todo o lixo sólido urbano e tem reaproveitamento de 70%, informa o especialista.

Práticas mais sustentáveis já são comuns em grandes empresas de construção civil, explica Leal. Elas trabalham com planos de resíduos sólidos e separam materiais. O maior problema está no descarte irresponsável dos milhares de pequenos geradores, entre eles, as pessoas que reformam suas casas e contratam caçambas que não dão destino adequado aos materiais ou ainda utilizam o próprio carro para jogar os resíduos em terrenos baldios.

A destinação adequada dos resíduos e a reutilização, além da economia ambiental, uma vez que se deixa de extrair novos materiais da natureza, é altamente viável economicamente, diz Rafael Clemente Filgueira, coordenador do Centro de Referência de Resíduos Sólidos da Construção Civil e Demolições (CRCD), uma parceria entre o Inac e a Fundação Banco do Brasil para apresentar soluções adequadas na gestão e o manejo dos resíduos sólidos, principalmente os oriundos da construção civil e demolições.

Em Osasco, município da Região Metropolitana de São Paulo, onde há uma Usina de Reciclagem de Entulho administrada pelo Inac, 50% do material produzido pela usina é entregue à prefeitura, que o utiliza em obras públicas. “O poder público municipal economiza em limpeza pública porque os materiais vão para o lugar adequado e leva à economia em obras”, diz Leal. Entre 40 a 60% das obras públicas do município são realizadas com materiais reciclados originários da usina, informa o especialista.

O recondicionamento dos resíduos dá origem a produtos como areia, pedrisco, brita, rachão e bica corrida, e podem ser utilizados para produzir blocos, tijolos e telhas. Os materiais podem ser utilizados em novas construções e coberturas asfálticas, por exemplo.

Preconceito

Leal, do Inac, acredita que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada por meio da Lei 12.305, de 2010, deve quebrar o preconceito do setor produtivo com materiais recicláveis na construção civil. “As empresas estão descobrindo que podem usar os materiais sem problemas. Antes só davam crédito a materiais virgens”. A nova legislação deve dinamizar o mercado e criar oportunidades para as recicladoras, aposta o presidente do Inac. Atualmente o país tem 130 usinas de reciclagem de entulho, a maioria na região Sudeste. O ideal a curto prazo seria chegar a mil, aponta Leal. 

Nos próximos meses, o Inac inaugura uma nova usina, acompanhada da fabricação de artefatos na cidade de Hortolândia (SP). A unidade vai atender mais sete municípios da região e vai atender as diretrizes da política nacional de resíduos sólidos que exige a implantação de planos municipais até 2012 e a implantação de coleta seletiva e o fim dos lixões até 2014.