MP quer apurar responsabilidade da prefeitura por deslizamento que matou dois

'Obra desafia a lei da gravidade', diz promotor. Incertezas vêm desde 2004

Obras da prefeitura no alto da encosta podem ter provocado acidente em SP (Foto: ©Jorge Araújo/Folhapress)

São Paulo – A Promotoria de Justiça da área de habitação e urbanismo de São Paulo quer apurar se o deslizamento de terra ocorrido na quinta-feira (7) em uma obra na zona sul da capital pode ter sido causado por negligência da prefeitura.

No momento do acidente, na comunidade do Morro dos Macacos, em Cidade Ademar, máquinas realizavam uma obra de contenção de uma encosta, o que pode ter provocado a movimentação da terra, que destruiu quatro casas e deixou duas vítimas fatais – uma criança e uma mulher grávida. Segundo testemunhas, a terra começou a ceder empurrada por uma retroescavadeira que tombou no alto da encosta.

Ouça reportagem da Rádio Brasil Atual sobre o acidente

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O promotor Maurício Antonio Ribeiro afirma que as obras não deveriam ser executadas enquanto houvessem pessoas residindo na região. Desde 2004, ele tenta remover as famílias do local. A prefeitura alega que os moradores vêm resistindo à retirada. Mas, segundo Ribeiro, o problema é que o governo municipal não oferece opção digna de moradia àquela população, causando ainda mais insegurança. A ação para a retirada das famílias tramita na 6ª Vara da Fazenda Pública.

Ribeiro vai basear seu inquérito para apurar as responsabilidades do acidente também em depoimentos como o de Clodoaldo Lima Pires, integrante de comissão de moradores da comunidade. Ele reforça a versão de que as obras da prefeitura acabaram por aumentar a exposição da população ao risco. “Algumas casas não ofereciam perigo. O risco começou quando as empresas começaram a me mexer na área”, diz.

Outro líder comunitário, Hernandes Pimentel, conta que, na manhã do dia do desmoronamento, um grupo de moradores pediu ao encarregado das obras que a terraplanagem fosse suspensa, mas não foram ouvidos.

O promotor afirma que a prefeitura tinha a obrigação de remover corretamente as famílias antes de prosseguir com os trabalhos. “Aquela obra desafia a lei da gravidade”, afirma.

Com informações da Rádio Brasil Atual

 

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