Contra Kassab, comerciantes do centro de São Paulo fecham 23 de maio

Houve princípio de tumulto com lojistas que se recusaram a fechar as portas

Comerciantes não são recebidos na Prefeitura para negociação (Foto: Edson Lopes/Folhapress)

São Paulo – Comerciantes das regiões da rua 25 de Março e do Brás realizaram protesto no início da tarde desta sexta-feira (15) na região central da capital paulista. Segundo a Polícia Militar (PM), foram 700 participantes. Para aumentar a adesão, manifestantes obrigaram lojistas a fechar os estabelecimentos, chegando a atirar garrafas de água para garantir que atendessem ao pedido.

Manifestantes de diferentes idades partiram da própria 25 de Março, um dos principais pontos de comércio popular do município. A maior parte deles é de origem coreana, mas havia donos e funcionários de lojas. Eles percorreram a rua Comendador Afonso Kherlakian, avenida Senador Queiroz, e Cantareira em direção à sede da prefeitura.

O protesto foi marcado por ataques e críticas ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM, rumo ao PSD), especialmente por causa da ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM), considerada exagerada e truculenta na região.

Depois de marchar pelo Centro em direção à prefeitura – com xingamentos a Kassab como palavras de ordem – parte dos manifestantes desceu até o início da avenida 23 de Maio, parando o túnel Anhangabaú. Agentes da Polícia Militar dispersaram a aglomeração e os manifestantes liberaram o fluxo de veículos poucos minutos depois.

A movimentação ocorreu enquanto lideranças do movimento tentavam negociar uma audiência com representantes da administração municipal. Eles não foram recebidos para negociar.

Embora os ativistas tenham recusado-se a conversar com jornalistas, a principal queixa diz respeito a excessos no controle de mercadorias vendidas na região. Segundo os comerciantes, lojas e estandes de galerias têm sido fechados ainda que comprovantes fiscais sejam apresentados.

Contra os comerciantes

Para Alan Gonçalves, integrante da Associação de Lojistas da 25 de Março, a administração da cidade está contra os comerciantes. “O Kassab quer que o pessoal dos shoppings da região se organize e trabalhe como empresas, mas ele não deu prazo nenhum para isso. A GCM fecha as lojas e isso constrange muitas pessoas que vêm fazer compras”, disse.

Durante o protesto, um bar das imediações foi depredado por alguns manifestantes. O dono do estabelecimento não quis comentar o episódio, porém pediu orientação à Polícia Militar para realizar boletim de ocorrência. Funcionários do bar foram agredidos, sem que a polícia interviesse.

Segundo o tenente Marcos Dias Batista, o comando policial não presenciou o episódio. “Se alguém se sentir lesado, pode entrar em contato com a PM”, disse ao final da manifestação.

A vereadora Juliana Cardoso (PT) participou da tentativa de negociação dos comerciantes com a Prefeitura e considerou “absurda” a forma como o Executivo realiza a fiscalização das lojas na região da rua 25 de março. “Eles não fiscalizam de forma a separar os comerciantes legalizados de quem não é”, diz. “É preciso levar em conta que quem não está regular precisa de tempo para se legalizar. São pessoas que trabalham pelo sustento e precisam ser tratados com respeito.”

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