Para promotor, estação do metrô fora do local original não atende ao interesse público

Após pressões, governo do estado cogita manter parada Higienópolis na rua Sergipe, mas em altura diferente da prevista inicialmente

Manifestantes realizaram churrasco no local que a estação original seria construída (Foto: Maurício Morais)

São Paulo – Para o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, uma eventual mudança de localização da estação de Higienópolis para a esquina das ruas Sergipe e Ceará não atenderia ao interesse público e poderia encarecer a obra. Ele foi o autor do pedido de esclarecimento à Companhia do Metropolitano (Metrô) e a secretarias estaduais a respeito dos planos de alterações no traçado da futura Linha 6-Laranja – em fase de projeto e sem prazo para início das obras.

Uma alteração do local original – na esquina da Sergipe com a avenida Higienópolis – vinha sendo estudada por causa da pressão de associações de moradores que não querem a estação no local. A movimentação provocou, no sábado (14), o “Churrascão da gente diferenciada”, protesto por transporte público e contra o preconceito.

A partir da polêmica da última semana, tanto o Metrô como o governo paulista informaram que o equipamento poderia ser instalado em outro ponto da rua Sergipe. Mas mesmo isso não seria suficiente para dar conta do pedido de esclarecimento feito pelo promotor. “A rua Sergipe vai subindo em direção ao Pacaembu e, quanto mais para a frente na rua, mais profunda tem que ser a perfuração, o que encareceria a obra”, avalia.

Lopes conta que é morador do bairro e por isso, mostra-se conhecedor da região. “Se eu não achar as explicações convincentes, vou pedir também uma laudo para o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) sobre tudo isso e checar se tudo está correto”, afirmou o promotor.

Segundo ele, especialistas em mobilidade urbana defendem que o metrô não deve ser pensado isoladamente. As estações precisam estar interligadas com ônibus, trens e outras modalidades de transporte. “Não entendo como o Metrô colocaria a estação longe de todos os ônibus que passam na avenida Angélica. As pessoas teriam de voltar para trás para continuar seu percurso”, observa.

Na semana passada, a Promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público de São Paulo determinou que o presidente do Metrô e o secretários de Transportes Metropolitanos apresentem, em um prazo de 30 dias, argumentos técnicos para a mudança no traçado da linha 6- Laranja e o novo local da estação Higienópolis.

O promotor Maurício Lopes não descarta a possibilidade de entrar com ação civil pública contra a mudança no traçado. Ele também acha necessário que o Metrô indique qual a distância entre todas as estações, já que uma das justificativas é a proximidade da parada Mackenzie,  da Linha 4 -Amarela. “Há várias estações próximas umas das outras, como a Sé e a Liberdade. Se há 30 anos essa proximidade não atrapalhava, como agora, com a tecnologia mais avançada, pode atrapalhar?”