Para associação, congestionamentos encarecem tarifa de ônibus em São Paulo em até 30%

Mas especialista não vê erro na planilha da prefeitura, apesar de ver 'perversidade' no custo para a população de baixa renda

São Paulo – Os congestionamentos, além de roubar horas dos moradores de grandes e médias cidades, também são os responsáveis por elevar as tarifas de ônibus, segundo Marcos Pimentel Bicálio, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Ele defende que as prefeituras promovam investimentos em infraestruturas, especialmente em corredores de ônibus. No caso da capital paulista, o preço pago pela passagem é até 30% mais caro em decorrência do tráfego parado.

A elevação do preço das tarifas em diversas capitais provocou protestos desde o início do ano. Em São Paulo, nos últimos dois meses, pelo menos uma manifestação contra o preço da passagem de ônibus foi realizada a cada semana.

“A cidade de São Paulo tem um trânsito massacrante. E, ao mesmo tempo, tem feito o contrário, priorizando sempre o automóvel em todos os investimentos e todas as medidas públicas”, exemplifica Bicálio. “Os ônibus não conseguem andar na cidade de São Paulo, ninguém consegue andar na verdade, mas os ônibus não podem ficar parados”, resume.

O representante do setor calcula, com base em um estudo de 1998, que o trânsito congestionado faz a tarifa aumentar de 25% a 30%. À época da pesquisa, o tráfego lento encarecia em 15% o preço do ônibus para os passageiros. “As pessoas com o carro podem até ficar no engarrafamento, os ônibus não deveriam. A vantagem do metrô é justamente que ele não para no congestionamento”, sustenta.

Bicálio cobra ainda um planejamento mais efetivo do transporte público. No caso de São Paulo, esse processo está inacabado, porque os corredores e vias preferenciais para ônibus previstos não foram realizados. Apesar disso, ele descarta erros na planilha de custo para justificar os R$ 3.

“O problema não é a prefeitura, o pessoal é muito competente, mas é perverso que um serviço público seja caro demais para ser pago pelas pessoas de baixa renda”, critica. A tarifa torna-se, para uma cidade como São Paulo, um “tiro no pé”, porque estimula o uso de veículos particulares como carros e motos.