Após noite de caos, Jardim Pantanal volta a viver ameaça de enchentes e despejo

Iminência da abertura das comportas da barragem da Penha aumenta o risco de novas tragédias, como as ocorridas no verão passado, com aprovação da prefeitura

Alagamento na avenida Zaki Narchi com Cruzeiro do Sul, zona norte da cidade. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

São Paulo – Moradores do Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo, ouvidos pela Rede Brasil Atual nesta terça-feira (11),  temem a repetição das enchentes do ano passado, quando várias casas da região passaram semanas alagadas.

Isso porque as comportas da barragem da Penha podem ser totalmente abertas a qualquer momento, depois das fortes chuvas que caíram sobre a capital durante à noite, elevando ao máximo o nível das represas da bacia do Tietê.

“A noite foi terrível, muita água entrou nas casas, mas a situação pode ficar realmente feia. Agora parou de chover, mas o rio continua subindo. É sinal de que eles estão soltando a água (da barragem da Penha)”, conta Zélia Andrade, uma das lideranças comunitárias do bairro, que inclui a Chácara 3 Meninas e o Jardim Romano, todos fortemente afetados pelas inundações.

O problema, conta Zélia, é agravado pela exigência da prefeitura de que os moradores sejam transferidos para abrigos. Eles temem que suas casas sejam derrubadas durante a ausência, já que o bairro está nos planos de construção de um parque linear e é alvo de sucessivas ações para a retirada da população.

“Abrigo é ruim, fica longe da casa da gente, e já teve um coronel da polícia que disse que, se formos para as escolas, vamos ser tirados de lá com cacetete. E quando voltamos do abrigo, podemos encontrar a (nossa) casa já derrubada”, prossegue Zélia.

Ainda segundo Zélia, a comunidade teme ser despejada à força de suas casas, para a construção do parque. Ela conta que a prefeitura já avisou que ainda em janeiro vai tentar fazer com que os moradores saiam voluntariamente, em troca da chamada bolsa-aluguel. “A polícia está dizendo pra gente que, se não sairmos por bem, vai ter confusão.”

Procurada, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), órgão do governo paulista que administra a Bacia do Alto Tietê, não atendeu as ligações da reportagem da Rede Brasil Atual.

Caos e mortes

Até as 12h30 da terça-feira havia chegado a 13 o número de mortes causadas pelas fortes chuvas no estado de São Paulo. Só na região metropolitana foram seis mortes. Uma delas ocorreu na Avenida 9 de Julho, no centro da cidade, onde um pessoa foi arrastada pela enxurrada. A vítima chegou a ser socorrida na Santa Casa, mas não resistiu ao afogamento.

A Defesa Civil da cidade de São Paulo informou que 18 bairros estão em áreas consideradas em estado de atenção em razão de riscos de deslizamentos, afetando todas as regiões da capital paulista. Nesta manhã, de acordo com o Corpo de Bombeiros, a região metropolitana de São Paulo teve 61 pontos de alagamento e 12 desabamentos.

Outras cidades

Em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, cinco mulheres da mesma família foram soterradas após o deslizamento de uma residência. Os bombeiros resgataram o corpo de duas delas e as demais estavam desaparecidas. Duas pessoas foram socorridas no mesmo local.

Em Mauá, região do ABC paulista, as chuvas também causaram desmoronamentos. Três pessoas morreram soterradas enquanto outras duas foram resgatadas com ferimentos leves, informou o Corpo de Bombeiros.

O município turístico de Embu das Artes, na região metropolitana, registrou uma morte, e uma pessoa também morreu em Mogi das Cruzes, por afogamento.

Com informações da Agência Brasil e da Reuters

Leia também

Últimas notícias