Governo de SP admite que rio Tietê vai subir com dique na zona leste da capital

Moradores de Guarulhos temem que obras antienchentes no rio aumentem inundações na cidade. Departamento de Águas e Energia do governo do estado nega

Moradores de Guarlhos temem que obra em São Paulo cause mais inundações em Guarulhos (Foto: Suzana Vier/Rede Brasil Atual)

São Paulo – Uma barreira de contenção de enchentes em construção no Jardim Romano, conhecido como dique, na zona leste da capital paulista, deve aumentar o nível do rio Tietê em até seis centímetros, o que pode ser suficiente para provocar ainda mais problemas para os bairros próximos.

A estimativa é do diretor de Engenharia e Obras do Departamento de Águas e Energia (Daee) do estado de São Paulo, Ricardo Daruiz Borsari, e foi revelada durante  reunião entre a prefeitura de Guarulhos, o Daee e o Ministério Público de São Paulo na quinta-feira (16), na capital paulista.

De acordo com o geólogo da prefeitura de Guarulhos, Edson Barros, moradores e a própria prefeitura de Guarulhos têm receio de que a construção do dique agrave o problema de enchentes nas imediações da obra. “Há dúvidas do impacto dessa obra para os moradores que vivem às margens do rio Tietê no município de Guarulhos”, explicou Barros.

“A obra não vai acabar com o risco de inundações em Guarulhos, e pode, talvez, maximizar (as possibilidades de novas ocorrências)”, suscitou o secretário de Meio Ambiente de Guarulhos, Alexandre Kise, durante o encontro.

Já o coordenador do Projeto Linear Várzeas do Tietê e engenheiro do Daee, Genivaldo Maximiliano de Aguiar, o impacto da obra é “imperceptível e irrisória” no nível do rio. “Seria como um balde numa caixa d´água”, completou.

O geólogo Carlos Campos, da prefeitura de Guarulhos, citou preocupações identificadas entre moradores da cidade, que residem próximos ao dique. “O temor da população é enorme, porque eles olham aquele paredão em frente e não dormem”, argumentou.

Dique no Tietê

Finalizado, o dique terá 1.700 metros de extensão, três metros de largura e dois metros de altura.

Também fazem parte das obras antienchentes no Jardim Romano, um polder – espaço sujeito a inundações que precisa ser continuamente drenado – e cinco conjuntos de bombas que drenarão 800 litros de água por segundo.

Além do possível agravamento das enchentes em Guarulhos, Kise lamentou o fato de o município não ter sido convidado a discutir a obra, que apesar de ser na capital paulista pode ter efeitos sobre o município vizinho.

“Agora, é preciso construir saídas para os moradores”, diz. “Fomos surpreendidos com a construção”, aponta Barros. “No mínimo, faltou comunicação”, destaca o geólogo.

O secretário de Meio Ambiente de Guarulhos pediu ao Daee apoio ao município caso áreas próximas ao dique sofram com enchentes e uma apresentação detalhada do projeto Parque Várzeas do Tietê, cujas obras também vão impactar Guarulhos e demais municípios cortados pelo rio Tietê.

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