Pesquisador brasileiro desenvolve ‘detector’ de enchentes e de poluição

Resultado de pesquisas brasileiras e britânicas, um conjunto de sensores monitora a ocorrência de enchentes e o nível de poluição dos rios

Cheias podem ser previstas com antecedência com sensores instalados em rios (Foto: Carolina Gonçalves/Abr)

São Paulo – Uma rede de sensores sem fio vai ajudar as cidades brasileiras a detectarem, com antecedência, a ocorrência de enchentes. O equipamento desenvolvido pelo professor Jó Ueyama, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo, também é capaz de medir a poluição dos rios e deve ganhar outras funções como medir gás metano e radioatividade.

Os sensores foram desenvolvidos a partir do trabalho de Ueyama, com a colaboração do pesquisador inglês Daniel Hughes, que desenvolveu um sensor de monitoramento de enchentes para rios britânicos. Hughes e Ueyama se conheceram na Universidade de Lancaster, no Reino Unido, quando o brasileiro cursava o doutorado entre 2002 e 2006. “Na época, pensei na viabilidade de trazer essa ideia para o Brasil, que também sofre muito com enchentes”, disse Ueyama à Agência Fapesp.

Ueyama, além de desenvolver um sensor de enchentes para a realidade brasileira, acrescentou ao equipamento um sensor de poluição e um dispositivo antirroubo.

Funcionamento

O monitoramento de inundações é realizado com um sensor de pressão submerso que possui sensibilidade suficiente para detectar variações de centímetros no leito do rio. O equipamento é composto por painéis fotovoltaicos para fornecer energia a uma pequena bateria que alimenta o sistema, explica o especialista brasileiro.

Já o sensor de poluição mede a condutividade elétrica da água. Durante sua pesquisa de doutorado, Ueyama detectou que quanto mais limpa estiver a água, menos eletricidade o meio será capaz de conduzir e vice-versa.

Para detectar possível furto, Ueyama instalou um acelerômetro no interior da central de processamento que percebe possíveis movimentos e envia um alerta para a central.

Uma unidade de processamento pouco maior que uma caixa de fósforos é conectada aos sensores e é capaz de transmitir dados por radiofrequência a uma distância máxima de 200 metros. Outros sensores devem ser colocados em pequenos postes nas margens de um rio para receber as informações.

 

“Equipado com GPRS (General Packet Radio Service – que permite o envio e recepção de informações por  meio de uma rede de telefonia celular), o sensor poderia enviar mensagens de texto aos telefones celulares da defesa civil ou dos moradores de áreas de risco, alertando sobre uma enchente iminente”, disse o professor da USP.

O novo desafio de Ueyama é ampliar as funções do equipamento com novos sensores que poderão medir gás metano e radioatividade. “Com um sensor de gás metano, por exemplo, poderíamos inferir a quantidade de coliformes fecais presentes na água”, disse.

Aplicação

Hughes esteve em São Paulo, em janeiro deste ano, para apresentar uma proposta de rede de sensores de enchentes baseada na capital paulista para a Secretaria de Desenvolvimento do estado de São Paulo. Uma rede de sensores poderá ser utilizada para monitorar cheias e poluição em um trecho do rio Tietê.

A Rede de Sensores para Detectar Enchentes (Rede) propõe a instalação de no mínimo dez kits de monitoramento automático espalhados entre a ponte da Casa Verde e a ponte das Bandeiras, na capital paulista. “Caso seja aprovado, será um ótimo teste”, disse Ueyama, que também prevê a divulgação desse protótipo a outras cidades brasileiras sujeitas a enchentes.

Com informações da Agência Fapesp

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