Desabrigados do Jardim Pantanal são despejados de ocupação na zona leste de SP
Com reintegração de posse de terreno ocupado em abril, moradores que perderam móveis e casas durante sucessivas enchentes no Jardim Pantanal podem morar na rua
Publicado 21/05/2010 - 18h36
São Paulo – Cerca de 80 famílias do Jardim Pantanal foram despejadas de terreno na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (21). As famílias decidiram ocupar o local em abril, depois de sucessivas enchentes no Jardim Pantanal desde dezembro.
“A maior parte das pessoas perdeu casa e móveis nas enchentes. Outra parte teve a casa demolida pela prefeitura para construção do Parque Várzeas do Tietê”, descreve Zélia Andrade, uma das coordenadoras do movimento por moradia e assistência aos moradores atingindos por enchentes, no Jardim Pantanal.
A reintegração de posse foi solicitada judicialmente por um dos donos do terreno e concedida por juiz da Vara Civel de São Miguel Paulista, informou André de Araújo, advogado dos moradores, em entrevista à Rede Brasil Atual.
No início da manhã, as famílias foram retiradas do local com apoio da Polícia Militar. “Tivemos 30 minutos para retirar nossos pertences e sair”, explica Zélia. “Eram seis e meia, e mais de 40 crianças já não tinham para onde ir”, condena.
Após a desocupação as famílias caminharam até a subprefeitura de São Miguel Paulista na tentativa de negociar alternativas de moradia. Mas, segundo os moradores, foram impedidos de chegar perto do órgão.
“O subprefeito estava lá, mas o chefe de gabinete nos recebeu na porta do estacionamento, com tudo cercado para não chegarmos perto”, indicou o representante dos moradores.
A prefeitura realizou o cadastramento das famílias, mas “não garantiu nada, nenhum aceno de alternativa ou solução”, explicou Araújo.
Segundo o representante dos moradores, o destino das famílias é incerto. “Quem tem família, foi pedir abrigo. Mas quem não tem vai ficar pela rua mesmo”, diz o advogado.
Procurada, a subprefeitura de São Miguel Paulista ainda não havia se manifestado até as 18h50 desta sexta-feira.
“A Polícia Ambiental fica andando atrás da gente para saber onde vamos. Não podemos construir em lugar nenhum”, enfatiza uma moradora.
Improbidade
Durante a desocupação, Araújo denuncia que houve a utilização de caminhões, trator e servidores terceirizados da prefeitura para auxiliar os responsáveis pelo terreno. “Temos imagens disso. Vamos acionar a Justiça para investigar bens públicos a serviço de particulares. É no mínimo improbidade administrativa”, acusa o representante dos moradores.