Secretário de Segurança do Rio reconhece que tráfico de drogas pode voltar a se enfrentar

Rio de Janeiro – A invasão de traficantes ao Morro dos Macacos foi feita “aos poucos”, diferentemente de outras ações do tipo, quando criminosos organizam “um bonde”, composto por várias […]

Rio de Janeiro – A invasão de traficantes ao Morro dos Macacos foi feita “aos poucos”, diferentemente de outras ações do tipo, quando criminosos organizam “um bonde”, composto por várias pessoas. “A população reporta que eles (traficantes) entraram de maneira dissimulada, aos poucos, a pé, de um em um ou de dois em dois, no máximo”, informou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que reconhece que novos confrontos entre traficantes pelo controle da venda de drogas podem se repetir.

No sábado (17), no Morro dos Macacos, zona norte, um helicóptero da Polícia Militar fez um pouso forçado depois de ser atingido por tiros. Doze pessoas morreram e pelo menos oito ônibus foram incendiados.

“Claro que (a disputa) entre traficantes pode acontecer (novamente). Não se pode descartar, trabalhamos com todas as hipóteses. Isso historicamente aconteceu. Posso afirmar que a perda de território e o enfraquecimento de determinadas facções proporcionam isso”, afirmou.

Ele disse que o serviço de inteligência não consegue antecipar todas as investidas “desesperadas” do tráfico, embora “cerca de 80%” das ações criminosas sejam interceptadas. “Nós temos antecipado muito esse tipo de situação, mas dizer que isso não vai mais acontecer, que está descartada, não dá.”

Beltrame também revelou que entre as armas suspeitas de derrubar o helicóptero da Polícia Militar estão um fuzil 7.62, uma metralhadora ponto 30 ou uma metralhadora ponto 50. A aeronave foi utilizada no patrulhamento da área em conflito e abatida pelos bandidos, deixando dois policias mortos e quatro feridos. As vítimas serão enterradas nesta tarde, no cemitério de Sulacap, zona norte.

Durante este domingo, a polícia está em alerta com cerca de 2 mil homens de prontidão. Desde sábado, realiza cercos e operações em áreas de influência do tráfico. Na favela do Jacarezinho, zona norte, 300 quilos de maconha foram apreendidos, duas pessoas foram mortas e quatro levadas presas. Em outras favelas, ao todo, foram apreendidos nove carregadores de pistolas, 24 de fuzis, uma granada e duas pistolas.

No Morro dos Macacos, alvo da disputa entre as facções, o clima ainda é de tensão. A comunidade está cercada pela PM e todos os veículos que entram ou saem são revistados. A corporação também utiliza cães na busca por mais corpos e armas. Os moradores continuam assustados, mas algumas famílias que estavam fora desde a madrugada de sábado, começam a retornar a suas casas.

Olimpíada

A segurança pública não é o principal problema para a realização das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de Janeiro reiterou Beltrame no domingo, em entrevista. “O que digo ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e à população é o seguinte: nós temos problemas históricos. Mas temos projetos, propostas. Existem políticas de segurança, de combate e de pacificação, um planejamento para recuperar o efetivo e temos inteligência policial”, listou. “As informações não são negadas e não fazemos promessas pirotécnicas ou efêmeras”, destacou.

De acordo com o secretário, o Rio foi escolhido como cidade sede dos jogos porque o COI acreditou na “sinceridade” da proposta da capital. “Apresentamos dados sistemáticos, (da existência] de milícias (grupos paramilitares), do tráfico e eixos das unidades de Polícia Pacificadora, que são exemplos para o mundo. Acho que acreditaram na gente”, acrescentou.

Fonte: Agência Brasil